Para apressar transição, leis serão atropeladas

Pressão dos mercados e da UE exige que a Espanha ignore leis previstas em sua Constituição

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Por Jamil Chade
Atualização:

MADRI - A pressão dos mercados e da UE exige que a Espanha ignore leis previstas em sua Constituição e promova uma transição política acelerada. Para tentar frear o contágio da crise da dívida, Bruxelas quer de Madri garantias de que a troca no comando do país será imediata.

 

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Mariano Rajoy deve montar uma equipe de transição ainda nesta semana para dialogar com o governo e já conseguir anunciar o que planeja para cortar o déficit e atender às exigências da UE. Não descarta nem mesmo a possibilidade de evocar um estado de "emergência nacional" para justificar a ação. A percepção dentro do Partido Popular (PP) é que os mercados continuarão a punir a Espanha enquanto não houver uma definição das políticas a serem adotadas.O governo socialista, que sai derrotado, argumenta que não tem como saltar etapas e dar lugar a Rajoy de um dia para o outro. Mas recebeu no fim de semana um duro recado da chanceler alemã Angela Merkel: a Espanha não pode ser representada na cúpula do bloco, no dia 9, apenas por perdedores. Ontem, Merkel foi a primeira entre os líderes europeus a enviar felicitações para Rajoy. Na mesma mensagem reiterou a importância da celeridade nas medidas para conter a crise econômica. A Espanha não vive sozinha esse fenômeno. Há duas semanas, o governo do grego George Papandreou teve de renunciar e dar o poder ao tecnocrata Lucas Papademos sem eleições. Há uma semana, foi a vez da Itália derrubar e apontar um outro governo, também sem eleições. Silvio Berlusconi, sem conseguir aprovar as reformas que havia prometido, deu lugar a Mario Monti.Em um processo que durou apenas um fim de semana, as instituições italianas aceleraram consultas e estabeleceram um governo formado por ex-banqueiros, acadêmicos e ex-funcionários da UE. A população se limitou a festejar a queda de Berlusconi.

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