Para Assunção, adesão atropela a institucionalidade do bloco

Novo presidente paraguaio submeterá entrada da Venezuela no Mercosul ao Congresso em ato apenas simbólico

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Por Roberto Simon e ASSUNÇÃO
Atualização:

A chancelaria do Paraguai emitiu ontem um comunicado declarando que "a incorporação da Venezuela ao Mercosul é um atropelo inaceitável de toda a institucionalidade e a normativa expressa e vigente do bloco" e acrescentou que o ato "não é outra coisa senão impor o direito da força à força do direito".O presidente do Paraguai, Federico Franco, anunciou que submeterá o tema da integração venezuelana ao Congresso de Assunção - onde deve ser amplamente rejeitada. A medida tem apenas peso simbólico, pois o Paraguai está suspenso do Mercosul, mas demonstra o grau de irritação das autoridades paraguaias com o que veem como um "atropelo ilegal" por parte dos grandes da região, Brasil e Argentina."Estamos enviando (o texto da adesão venezuelana ao Mercosul) para que o Congresso possa dar o trâmite necessário", afirmou Franco. Antes, ele dissera que a entrada da Venezuela era "um show para ajudar eleitoralmente o (presidente Hugo) Chávez". No início de julho, a Câmara dos Deputados havia solicitado ao presidente que fizesse isso. "Temos de demonstrar aos brasileiros e argentinos o que realmente pensamos dessa manobra ilegal que fizeram", explicou ontem ao Estado um deputado do Partido Colorado.Deposto no dia 22 em um impeachment relâmpago, o ex-presidente Fernando Lugo chegou a submeter a entrada da Venezuela ao Congresso, mas, ao ver que o texto seria derrotado por maioria, desistiu. Agora Franco colocará a questão nas mãos do Senado, o mesmo que destituiu Lugo por 38 votos a favor e 4 contra.O sociólogo e analista político José Carlos Rodríguez pondera que as últimas pesquisas de opinião no Paraguai - nas quais 55% dos entrevistados consideram correta a destituição de Lugo e 44% disseram ter havido uma "ruptura institucional" - indicam um quadro nebuloso sobre a legalidade da destituição de Lugo.

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