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Para Aznar, retirada de soldados do Iraque é "vergonha"

Por Agencia Estado
Atualização:

O ex-primeiro-ministro espanhol José María Aznar disse, nesta segunda-feira, que a retirada das tropas espanholas atualmente estacionadas no Iraque é uma vergonha e uma "grande irresponsabilidade". O pronunciamento de Aznar vem à tona apenas um dia antes de o novo Parlamento espanhol iniciar os debates sobre a retirada dos cerca de 1.300 soldados espanhóis enviados ao Iraque. O retorno dos soldados foi anunciado em 18 de abril pelo novo primeiro-ministro espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, cumprindo uma de suas promessas eleitorais. "Há compromissos equivocados e este é um deles", acredita Aznar. "A decisão do governo socialista representa um golpe contra tudo aquilo que interessa à Espanha e ao mundo livre, pois saímos de onde mais somos necessários", escreveu Aznar em artigo publicado hoje pelo jornal ABC. "O governo tomou o caminho do apaziguamento, um caminho que a história revelou como o pior possível ante as ameaças, pois não afasta o perigo, e sim o fortalece", escreveu. "Muitos espanhóis estão envergonhados com a retirada de nossas tropas", acredita o ex-primeiro-ministro, que foi um dos mais sólidos aliados dos Estados Unidos na guerra ao Iraque. Apesar do apoio do governo, a maioria da população espanhola era contra a guerra. Duas pesquisas nacionais divulgadas recentemente mostram que mais de dois terços dos espanhóis apóiam a retirada de tropas. Desde agosto do ano passado, 11 soldados espanhóis morreram no Iraque. A mais recente pesquisa - realizada pela Sigma Dos e encomendada pelo jornal El Mundo - mostra que 67% da população espanhola é a favor da retirada. Apenas 23% manifestaram-se contra. Os 10% restantes não tinham certeza ou não opinaram. A pesquisa nacional foi realizada por telefone entre os dias 21 e 22 de abril. Foram ouvidos mil espanhóis maiores de 18 anos. A margem de erro é de 3,16 pontos porcentuais para mais ou para menos. "A retirada de nossas tropas é o que queriam os terroristas, aqueles que agem no Iraque contra os iraquianos e aqueles que atuam na Espanha contra os espanhóis", prosseguiu o ex-governante. Ainda segundo Aznar, os atentados de 11 de março contra o sistema ferroviário madrilheno nada tem a ver com o envio de tropas espanholas contra o Iraque. Ele alega que os atentados começaram a ser planejados no fim de 2002, antes da invasão do país árabe. "Os assassinos terroristas de 11 de março não atacam nada relacionado com o Iraque", acredita. Os atentados de 11 de março resultaram na morte de 191 pessoas. Mais de 2.000 ficaram feridas. Três dias depois, o partido de Aznar perdeu as eleições gerais espanholas para os socialistas liderados por Zapatero.

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