CARACAS - O governador do Estado de Miranda e um dos principais nomes da oposição venezuelana, Henrique Capriles Radonski, declarou na quinta-feira, 5, que a decisão de levar Leopoldo López a julgamento “estava pronta” pelo governo que, com suas ações, enterrou o diálogo pelo fim da crise política no país.
“O que vimos ontem e o país deve refletir é que temos um parapeito de Justiça podre”, criticou Capriles em entrevista ao jornal El Universal, antes de participar de um evento público em Baruta.
Segundo o governador, que disputou as últimas eleições presidenciais com Nicolás Maduro como representante único da coalizão Mesa de Unidade Democrática (MUD), o diálogo pelo fim da crise nunca passou de um “debate em cadeia nacional de rádio e televisão”.
“O diálogo era para que houvesse resultados. Foram feitos pedidos concretos: que ninguém ficasse preso por razões políticas e falamos do desarmamento de grupos paramilitares armados pelo governo. Mas nada disso ocorreu”, ponderou.
“Eles (governo) são os que enterraram o diálogo. Isso já não é responsabilidade daqueles que querem mudança, mas sim do governo. Foi Nicolás Maduro que deu sepultura ao diálogo que, na minha opinião, nunca nasceu.”
Miranda criticou o Poder Judiciário por ter mandado um líder político para prisão para aguardar o julgamento, enquanto no país há casos de homicídios, delitos e casos de corrupção em que os autores continuam livres pelas ruas.
“Essa situação de injustiça tem de unir os venezuelanos, porque o país que a maioria quer não usa a Justiça para perseguir ninguém”, declarou ao El Universal.