Para delegação árabe, resolução franco-americana só complicará o conflito no Líbano

Os ministros de países árabes que participaram de reunião do Conselho de Segurança exigiram a retirada imediata das tropas israelenses do sul do Líbano

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Por Agencia Estado
Atualização:

Em um discurso ao Conselho de Segurança nesta terça-feira, o ministro de Exterior do Qatar criticou o rascunho de resolução proposto pelos Estados Unidos e pela França para impor um cessar-fogo no conflito entre Israel e a milícia islâmica libanesa Hezbollah. Para Hamad bin Jassem Al Thani, o texto só irá piorar a crise, uma vez que não obriga a retirada das tropas de Israel do sul do Líbano. Membro de uma delegação de representantes de países árabes que participaram da reunião do Conselho de Segurança desta terça-feira, Al Thani disse acreditar que o rascunho franco-americano não será cumprido caso seja mantido em sua forma atual. Para ele, a resolução deveria exigir a retirada das tropas israelenses e reforçar a forças de paz da ONU que já atuam na região. "Nós gostaríamos de chamar a atenção do Conselho para as repercussões de uma resolução que implicaria em complicações posteriores para a situação no campo de batalha, para o Líbano e para o resto dos países da região", disse o diplomata. A delegação de Al Thani, que também inclui o presidente da Liga Árabe e o ministro de Exteriores dos Emirados Árabes Unidos, chegou a Nova York horas antes do início da sessão do conselho trazendo as objeções do Líbano frente a resolução. Eles argumentam que o rascunho deve contar com um plano de sete pontos adotado pelo gabinete libanês, que possui dois ministros do Hezbollah. O plano libanês inclui um cessar-fogo imediato baseado na retirada das tropas israelenses para além de uma fronteira imposta pela ONU conhecida como Linha Azul; um comprometimento para a libertação de prisioneiros libaneses e israelenses; a colocação da disputada região das Fazendas de Sheba sob jurisdição da ONU; a expansão da autoridade libanesa por todo o país; a adoção de um novo mandato para as forças de paz da ONU no sul do Líbano; e o fornecimento de ajuda internacional para a reconstrução do país. "Todos estamos aqui para encontrar uma solução", disse o enviado especial do gabinete libanês ao conselho, Tarek Mitri. "A proposta do nosso governo deve ser vista como uma opção viável. Ela permitirá um verdadeiro cessar nas hostilidades e levará a um cessar-fogo durável." Resolução polêmica Após semanas de negociações, os Estados Unidos e a França circularam um rascunho que pede um "amplo cessar nas hostilidades" - em particular que o Hezbollah pare com todos os ataques com foguetes e que Israel cancele todas as suas operações ofensivas no Líbano. O governo libanês criticou a resolução, classificando-a como uma "receita para a continuidade do conflito". Para Beirute, o ponto mais preocupante do texto é a não inclusão de um calendário para a retirada das tropas de Israel do sul do Líbano. De acordo com a as regras do Conselho de Segurança, caso Washington e Paris optem por introduzir um novo rascunho nesta terça ou quarta-feira, ele só poderá ser votado após 24 horas. Ou seja, qualquer votação só poderá ocorrer, na melhor das hipóteses, na próxima quinta-feira. Durante seu discurso, Al Thani também criticou o conselho pela demora na adoção de medidas eficazes para por um fim ao conflito, iniciado no dia 12 de julho depois que militantes do Hezbollah capturaram e mataram soldados israelenses em território de Israel.

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