Para entender: 10 pontos sobre 'Lava Jato argentina' que envolve kirchneristas e empresários

Treze ex-funcionários do governo e empresários foram presos; além deles, foram convocados para depor a ex-presidente Cristina e alguns de seus assessores de confiança

PUBLICIDADE

Atualização:

As anotações em oito cadernos de Oscar Centeno levaram à prisão ex-funcionários kirchneristas e grandes empresários argentinos por corrupção em obras públicas numa operação apelidada "Lava Jato argentina". Entenda o caso em 10 pontos levantados pelo jornal Clarín:

PUBLICIDADE

1. Treze ex-funcionários dos governos Kirchner e empresários do setor de construção foram presos sob ordem do juiz Claudio Bonadío, como resultado de mais um caso vinculado à corrupção durante o período kirchnerista, que ficou conhecido como "cadernos da corrupção K". Além dos presos, foram convocados para prestar depoimento a ex-presidente Cristina Kirchner e vários funcionários de sua confiança, como Oscar Parrilli e Julio De Vido, assim como o ex-juiz Norberto Oyabide.

2. O caso surgiu com as anotações feitas em oito cadernos que, de acordo com a investigação judicial, pertenciam a Oscar Centeno, ex-motorista de Roberto Baratta, ex-subsecretário de Coordenação e Gestão do Ministério de Planejamento. Os cadernos detalham endereços, números, datas, nomes e movimentos de funcionários do governo e empresários. Supostamente, as pessoas envolvidas se reuniam com regularidade para entregar ou receber bolsas cheias de milhões dólares. O dinheiro seria proveniente de subornos em contratos públicos nos setores de construção e energia. As anotações de Centeno foram divulgadas pelo jornal La Nación.

Roberto Baratta foi preso sob mandado do juiz Claudio Bonadío, por envolvimento em caso de supostos subornos envolvendo contratos públicos nos setores de construção e energia na Argentina. Foto: FOTO: diariodecuyo.com.ar

3. Em um mandado sem precedentes, o juiz Bonadío ordenou 51 operações simultâneas de busca e apreensão, que incluíram 34 imóveis de empresas. 

4. Além disso, Bonadío ordenou a prisão de quatro ex-funcionários de Kirchner e outros nove empresários, que se juntaram ao ex-motorista Centeno. Há outros suspeitos na investigação que não foram alvos de mandados de prisão, como o caso da ex-presidente Cristina Kirchner, chamada para depor no dia 13 de agosto, junto com Julio De Vido; seu secretário, José María Olazgasti; o ex-chefe de gabinete Juan Manuel Abal Medina; o secretário-geral da presidência, Oscar Parrillo; assim como Rudy Ulloa, Néstor Otero e outros.

5. Centeno está preso desde a terça-feira 31 de julho e, na manhã de quarta-feira, foi levado à Unidade Penitenciária 29 de Comodoro Py para ser questionado pelo juiz Bonadío e pelo promotor Carlos Stornelli. Segundo o jornal Clarín, Centeno pode fazer um acordo de delação premiada com a Justiça.

6. O ex-motorista de Baratta foi preso depois de ser acusado pelo Ministério Público de fazer parte de uma grande associação ilícita que se dedicava ao pagamento e cobrança de valores. A Justiça estima que as cifras sejam superiores a US$ 160 milhões.

Publicidade

7. Baratta era secretário de coordenação do Ministério do Planejamento e braço direito de De Vido, ministro responsável pelo maior orçamento nos 12 anos de governo Kirchner. De Vido está preso.

8. Baratta ficou detido em 2017 por um caso de supostas irregularidades na compra de gás liquefeito, mas foi libertado quando a Câmara Federal portenha determinou falta de mérito na acusação. Na quarta-feira 1.º, ele foi preso novamente.

9. Durante dez anos, Centeno manteve em 8 cadernos os detalhes dos nomes e os valores dos subornos. O primeiro caderno vai de 23 de março a 16 de outubro de 2005 e o último, de 2 de junho a 3 de novembro de 2015. Entre outubro de 2010 - logo após a morte de Néstor Kirchner - até 2013, Centeno parou de escrever. Em 2013, retomou as anotações.

10. Segundo o conteúdo dos cadernos divulgados pelo La Nación, Baratta ia semanalmente à Quinta de Olivos, residência oficial da presidência argentina, para saber quem deveria cobrar. Os valores eram acordados com De Vido ou com Néstor Kirchner, e as cifras menores que US$ 2 milhões eram entregues a Daniel Muñoz na casa dos Kirchner, na rua Juncal.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.