Aparentemente, os unionistas irlandeses (DUP) têm muita coisa em comum com os conservadores. São tradicionalistas – exortam Deus salve a Rainha e a Union Jack (bandeira nacional da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte). São socialmente conservadores. E detestam o líder trabalhista, Jeremy Corbyn.
Uma fonte do DUP disse a The Guardian: “Queremos ser governo. Trabalhamos bem com Theresa May. Enquanto Corbyn liderar os trabalhistas garantiremos que o premiê seja um conservador”.
Mas este apoio tem um preço. No ano passado a Irlanda do Norte votou consistentemente em favor da permanência do Reino Unido na União Europeia, por uma maioria de 56% contra 44%. Os líderes unionistas insistiram a seus eleitores que votassem pela saída, mas as opiniões estavam divididas.
Após a votação do Brexit, os políticos do DUP passaram a defender uma saída menos abrupta da UE, que leve em conta a história e a geografia da Irlanda. A Irlanda do Norte faz parte do Reino Unido, com Inglaterra, Gales e Escócia, e tem uma fronteira porosa com a Irlanda – que integra a União Europeia. Essa fronteira foi uma espécie de terra de ninguém, povoada de soldados britânicos, pistoleiros e contrabandistas durante as décadas de luta contra o Exército Republicano Irlandês (IRA).
Ninguém deseja o retorno desses tempos, mas há temores de ambos os lados de que o Brexit possa despertar os velhos demônios, dando lugar a uma “fronteira hostil” com postos alfandegários e controles migratórios.
Arlene Foster, líder do DUP, já se posicionou contra uma fronteira mais controlada e um Brexit extremamente rígido. A principal promessa do DUP foi: “trabalhar em favor do melhor acordo para a Irlanda do Norte no âmbito do Brexit”. E parece que agora ele está em posição de pressionar nesse sentido. / W. POST