Para especialista, guerra não será rápida

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Por Agencia Estado
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Um dos mais respeitados especialistas em assuntos militares da Grã-Bretanha, Sir Timothy Garden, do Royal Institute of International Affairs, não partilha do otimismo daqueles que prevêm um desfecho rápido para a ofensiva militar contra o Iraque . "Os norte-americanos e britânicos vão precisar de muita sorte para que a operação militar seja apenas um questão de dias ou de poucos semanas", disse Garden, que é marechal aposentado da Royal Air Force (RAF) e já foi subchefe do Estado Maior das Forças Armadas. "É muito mais provável que o conflito dure meses." Em entrevista à Agência Estado, Garden alertou que há "uma grande possibilidade de que o número de vítimas, em todos os lados", seja elevado. "Fala-se muito da superioridade do poderio armamentista dos Estados Unidos, da alta tecnologia de seus armamentos", disse. "Mas a história mostra que supremacia militar não significa necessariamente vitórias tranqüilas no campo de batalha. Há um limite na capacidade dessas armas sofisticadas para garantirem uma vitória com números reduzidos de vítimas, provavelmente haverá combates convencionais entre os dois lados." Segundo o especialista, é um equívoco se traçar comparações com a guerra do Golfo de 1991. "Naquela ocasião, o governo iraquiano tinha uma porta de saída, que era a retirada das suas tropas do Kuwait", disse. "Mas agora trata-se da defesa o próprio território nacional e da própria pele, no caso de Saddam. A resistência das tropas iraquianas poderá ser bem maior." Garden ressaltou que o processo de estabilização do Iraque, caso Saddam Hussein seja afastado do poder, deverá ser árduo. "No Afeganistão, onde a situação era muito mais fácil, os americanos ainda não conseguiram terminar a limpeza", disse. "O Iraque, com seus grupos e tribos, vai requerer um trabalho enorme e de longuíssimo prazo".

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