Para especialista, processo contra Lugo 'é golpe da oposição'

Decisão sobre o impeachment de Lugo deve ser informada na sexta-feira

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Por Fernanda Simas
Atualização:

O julgamento político do presidente do Paraguai, Fernando Lugo, no Senado começou nesta quinta-feira, 21, por volta das 18h15 locais (19h15 de Brasília). Cinco deputados atuam como promotores e fazem as acusações. A decisão sobre o impeachment de Lugo deve ser informada na sexta-feira, após o presidente ter a oportunidade de se defender, em duas horas e meia de alegações.

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Esse julgamento político é o procedimento previsto pela Constituição do Paraguai para a cassação do presidente e outros altos cargos por mau desempenho em suas funções, entre outras causas. A Câmara dos Deputados do país aprovou o início do processo de impeachment por conta do sangrento confronto entre policiais e camponeses que gerou uma crise em seu governo.

Para José Aparecido Rolon, professor do curso de Relações Internacionais da Unifesp e autor do livro "Paraguai: transição democrática e política externa", o processo de impeachment implica em um golpe da oposição. "É um golpe na medida em que a oposição se aproveita de qualquer situação para tentar desestabilizá-lo [Lugo] ou mesmo tirá-lo do governo, mas mesmo assim estão tentando fazer isso pelas vias legais". O professor explica que o governo paraguaio é um governo de coalização, ou seja, composto, também, por pessoas da oposição política - caso do próprio vice-presidente Federico Franco.

Rolon acredita que os custos políticos devem inviabilizar um possível impeachment do presidente Lugo. "Não há clima. Internacionalmente há todo um apoio ao governo, assim como da própria população". Nesta quinta-feira, pessoas se manifestavam contra o julgamento político de Lugo, apoio que, segundo o professor Rolon, "é um reforço, simbólico, a um governo que traduz de certo modo boa parte das reivindicações dos cidadãos. É um apoio muito importante."

Unasul

Os países da Unasul (União nas Nações Sul-Americanas) decidiram, em reunião emergencial nesta tarde, enviar uma missão de chanceleres para o Paraguai com a intenção de analisar a crise criada com a abertura do processo de impeachment. De acordo com o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antonio Patriota, que fará parte do grupo, a missão tem o objetivo de garantir que sejam respeitadas a "instituição" e a "democracia" no Paraguai. Segundo o ministro, a missão também exigirá que seja "respeitado" o "direito de defesa" do presidente Lugo.

Com informações da Efe

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