Para Estados Unidos, Venezuela ruma para a ditadura

Funcionários do governo americano disseram que Washington está considerando impor sanções contra o setor petrolífero venezuelano em resposta à eleição da Constituinte

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Por Redação
Atualização:

NOVA YORK - A embaixadora dos EUA na ONU, Nikki Haley, disse neste domingo, 30, que a Venezuela está dando “um passo em direção à ditadura” ao realizar a eleição dos membros da Assembleia Constituinte, convocada pelo presidente Nicolás Maduro.

Segundo Ministério Público da Venezuela, mais de 100pessoas já morreram desde o início dos protestos contra o presidente Nicolás Maduro, há quatro meses Foto: Ronaldo Schemidt/ AFP

“A eleição fraudulenta de Maduro é outro passo em direção à ditadura. Não aceitaremos um governo ilegítimo. O povo venezuelano e a democracia prevalecerão”, escreveu Haley em sua conta no Twitter.

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Funcionários do governo americano disseram que Washington está considerando impor sanções contra o setor petrolífero da Venezuela em resposta à eleição da Constituinte e elas podem ser anunciadas na segunda-feira. Segundo as fontes, os EUA poderiam bloquear a venda de petróleo "leve" americano que a Venezuela mistura com o seu combustível para exportação.

Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil manifestou preocupação com o aumento da violência no país vizinho provocada por uma iniciativa “que atenta contra o princípio da soberania nacional e confirma a ruptura da ordem constitucional”. O chanceler Aloysio Nunes advertiu que a Venezuela viverá um “cenário de anomia” (ausência de lei) após a votação. A chancelaria também lamentou “profundamente” que o governo de Maduro tenha rejeitado os pedidos da comunidade internacional para cancelar a Constituinte.

O governo do Peru afirmou que “esta eleição viola as normas da Constituição venezuelana e contraria a vontade soberana do povo, representado na Assembleia Nacional.”

O presidente do Panamá, Juan Carlos Varela, acusou Maduro de preferir “o confronto”. “Condenamos a violência na Venezuela. Buscamos mediação. Maduro preferiu o confronto. Deve-se respeitar a voz do povo.” No sábado, o governo panamenho anunciou que não reconheceria os resultados da eleição, assim como tinha dito a Colômbia no dia anterior. 

O governo da República Dominicana expressou “alta preocupação” pelo rumo dos acontecimentos políticos na Venezuela, “onde não tem sido possível conciliar interesses” à procura de uma solução negociada para a crise, que exige “boa vontade” dos envolvidos. “A paz dos venezuelanos não vai chegar por meio de nenhuma ação unilateral”, expressou o chanceler dominicano, Miguel Vargas Maldonado, em comunicado. 

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O presidente da Bolívia, Evo Morales, criticou os governos da Colômbia e México por anunciarem que rejeitariam os resultados da votação, e os acusou de serem “submissos” aos EUA. “Recomendo ao México e à Colômbia que façam sua Assembleia Constituinte (...) para mudar seu sistema capitalista e imperialista”, disse. Aliado de Maduro, Evo ressaltou a importância de “uma participação democrática do povo para eleger seus constituintes”.

O governo da Espanha também anunciou que não reconheceria na Venezuela "uma Assembleia Constituinte que não seja resultado de um amplo consenso nacional, eleita conforme as regras democráticas de voto universal livre, igualitário, direto e secreto". "A Espanha lamenta que o governo da Venezuela tenha decidido seguir em frente com um processo constituinte que não é aceito pela maioria dos venezuelanos e viola princípios democráticos essenciais", diz a nota emitida pelo Ministério de Assuntos Exteriores e de Cooperação espanhol. / AFP e EFE

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