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Para EUA, Israel pode ter usado arma proibida no Líbano

País defende direito de usar bomba de fragmentação e diz cumprir lei internacional

Por Agencia Estado
Atualização:

O uso de bombas de fragmentação fabricadas nos Estados Unidos por Israel durante o recente conflito contra o Hezbollah, no Líbano, pode ter violado um acordo com Washington, informou o departamento de Estado americano nesta segunda-feira. "É provável que tenha havido algumas violações", disse o porta-voz do Departamento de Estado, Sean McCormack. Segundo ele, um relatório secreto e preliminar sobre o assunto será enviado pelo departamento ao Congresso dos EUA ainda nesta segunda-feira. O documento, que teve informações vazadas no domingo, traria indícios de possíveis violações do "acordo de uso" desse tipo de bomba entre EUA e Israel. McCormack não quis especificar de que forma Israel havia violado as normas. Acordos sob o Ato para o Controle de Exportação de Armas regulam o uso de munições vendidas pelos Estados Unidos. Esses acordos são confidenciais. Uma investigação foi aberta no ano passado depois dos relatos de que três tipos de bombas de fragmentação de fabricação americana foram encontrados no sul do Líbano, e que civis morreram por causa delas. Internacionalmente, entretanto, não existe nenhum tratado que regule o uso desses armamentos, segundo informações da Human Rights Watch citadas pela CNN. Mas pelas leis humanitárias, esse uso deve ser restringido. Recomenda-se que as nações limpem as áreas em que essas bombas forem usadas após o término do conflito. As bombas de fragmentação libertam várias minibombas, que se espalham por uma determinada região. A ONU (Organização das Nações Unidas) já pediu a suspensão do uso desse tipo de armamento em áreas povoadas. Israel defende seu direito a usar bombas de fragmentação e diz que só as utiliza de acordo com as leis internacionais. Violação Segundo a Lei de Controle de Exportação de Armas dos Estados Unidos, se o governo americano achar que um país violou acordos sobre como os armamentos devem ser usados, tem de elaborar um relatório e enviá-lo para o Congresso. "É uma conclusão preliminar e, como também envolve os acordos sobre o uso (de munições), que são secretos, não posso entrar em detalhes", disse McCormack. O porta-voz afirmou que o governo israelense vem sendo "transparente" no fornecimento de informações para a elaboração do relatório, que também se baseou em outras fontes não-especificadas. "Isso não é um julgamento final, mas levamos nossas obrigações sob a lei muito a sério", disse ele. "Não nos escondemos dos fatos". Agora o Congresso é que tem de decidir se tomará alguma providência contra Israel ou se são necessárias mais informações, disse McCormack. Os Estados Unidos e a Itália estão entre os países que tentam remover as dezenas de milhares de explosivos liberados pelas bombas de fragmentação no sul do Líbano. Muitas vezes, as bombas menores acabam não sendo detonadas, o que representa um enorme perigo para os civis desalojados que tentam voltar para casa, depois da guerra que durou 34 dias entre julho e agosto de 2006.

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