Para EUA, Paquistão ficará mais seguro

Casa Branca diz que se morte de líder for confirmada é ?boa notícia?

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Por GUARDIAN e AP
Atualização:

Mesmo sem poder confirmar a morte de Baitullah Mehsud, o homem mais procurado do Paquistão, a Casa Branca anunciou ontem que, caso seja verdadeira, a informação é "uma boa notícia". "Se as informações estiverem corretas, o povo paquistanês está mais seguro", declarou o porta-voz do governo americano, Robert Gibbs. A importância de sua morte é comparável à do líder iraquiano da Al-Qaeda, Abu Musav al-Zarqawi, em junho de 2006. Como líder do Tehrik-i-Taleban Paquistanês (TTP), Mehsud controlava cerca de 20 mil rebeldes. O Taleban paquistanês distingue-se do Taleban do Afeganistão, embora esteja relacionado a ele. O Pentágono alertou, no entanto, que o grupo continua uma ameaça ao Paquistão e pode "produzir outro líder para substituir Mehsud". Mehsud, que se intitulava emir do Taleban paquistanês, fez o que pôde nos últimos anos para desestabilizar a nação de 170 milhões de habitantes que possui a bomba nuclear. Declarando estar "em guerra" com o governo, Mehsud ordenou uma onda de ataques suicidas em todo o país. Em geral, recrutava como suicidas homens de famílias pobres e jovens. No ano passado, ataques de homens-bomba mataram 2 mil pessoas, entre soldados, policiais, suspeitos de espionagem e civis. Além das explosões, Mehsud também esteve por trás de alguns sequestros e decapitações. Seu maior feito foi revitalizar a rede jihadista do Paquistão, reunindo grupos distintos de caudilhos da etnia pashtun, combatentes do Punjab e fugitivos da Al-Qaeda de todo o mundo. Embora seja uma pessoa sem instrução, Mehsud era considerado um homem determinado, inteligente e carismático. "Ele emana força e energia", disse Shoaib Hasan, repórter da BBC que conheceu Mehsud em 2008. "E ele tem carisma. Quando fala, seu povo ouve." Segundo um membro da inteligência paquistanesa, Mehsud era diabético, teria quase 40 anos - acredita-se que nasceu em 1970 - e estava doente havia algum tempo. ASCENSÃO Mehsud passou a última parte dos anos 80 lutando contra os russos no Afeganistão. Na década seguinte, combateu ao lado das milícias taleban que invadiram Cabul. Ele ganhou projeção em 2004, ao preencher o vazio deixado por Nek Muhammad, um comandante waziri morto no primeiro ataque de um avião não-tripulado dos EUA no Paquistão. Mehsud explorou os pontos fracos do Exército paquistanês e, em 2005 acertou uma trégua em troca de US$ 500 mil em dinheiro dos contribuintes. Na época, Mehsud havia reorganizado sua milícia no Waziristão do sul. Em 2007, ele humilhou o Exército com o sequestro de mais de 200 soldados, posteriormente libertados - com exceção de três xiitas, que foram decapitados - em troca de 25 prisioneiros taleban. Uma questão frequente diz respeito aos vínculos que Mehsud teria com a inteligência paquistanesa. "Mehsud é definitivamente um aliado de alguns elementos do establishment", disse o analista Khaled Ahmed, no início do ano. "E isso inclui o Exército." Com sua morte, os vínculos do grupo com membros do governo, quaisquer que fossem, foram totalmente quebrados.

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