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Para EUA, presos no Afeganistão não são de guerra

Por Agencia Estado
Atualização:

Os EUA se reservam o direito de julgar sob seus próprios critérios os membros da rede Al-Qaeda e do Taleban capturados no Afeganistão, e não os considera "prisioneiros de guerra", embora a Cruz Vermelha tenha afirmado que teve total acesso a eles. Ativistas de direitos humanos temem que a insistência americana em considerar os presos como "detidos" seja precursora de tribunais militares e julgamentos viciados. "Isto poderia violar os padrões reconhecidos internacionalmente para um julgamento justo", disse na quarta-feira a porta-voz da Anistia Internacional, Vienna Colucci, a respeito dos tribunais estabelecidos pelo presidente americano George W. Bush em 13 de novembro. Dar aos presos status de prisioneiros de guerra lhes garantiria um julgamento perante uma corte marcial e obrigaria a parte acusadora a cumprir com requisitos mais estritos para assegurar um julgamento justo. A Cruz Vermelha não teve problemas com a terminologia dos EUA, segundo sua porta-voz, porque os aliados permitiram à organização assistencial livre acesso aos prisioneiros, garantido pela Convenção de Genebra. "Visitamos mais de 2.400 detidos no Afeganistão, em até 30 locais de detenção", disse na quarta-feira a porta-voz da Cruz Vermelha, Antonella Notari, um dia após a primeira dessas visitas a uma base em poder dos fuzileiros navais perto de Kandahar, onde 16 talebans e combatentes da Al-Qaeda estão detidos. "Não temos queixas a respeito do acesso". Acesso pleno - Além do acesso usual a todos os prisioneiros, isto significa acesso pleno e livre a todas as instalações de detenção, encontros privados entre o detido, o delegado e um intérprete selecionado pela Cruz Vermelha, a divulgação da identidade dos prisioneiros e a autorização para que a organização assistencial envie mensagens à família do cativo. Um americano que ajudou o Taleban, John Walker Lindh, reuniu-se com os delegados da Cruz Vermelha quando foi capturado na cidade de Mazar-i-Sharif, no norte do país. Notari, que falou da sede da Cruz Vermelha em Genebra, disse que organização pretende voltar a visitá-lo a bordo do navio americano Peleliu, ancorado em frente ao litoral paquistanês , onde continua preso ao lado de outras sete pessoas. Notari se recusou a comentar sobre o tratamento dispensado aos cativos - o que é uma política da Cruz Vermelha. O organismo só divulga queixas sobre abusos depois de esgotar todos os demais recursos.

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