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Para europeus, EUA fracassaram no Oriente Médio

Por Agencia Estado
Atualização:

Como avaliar a missão de Colin Powell no Oriente Médio? Será que devemos julgá-la com base nos lucros e perdas, a exemplo do que fazem muitos especialistas e também os palestinos? Teria ele semeado um grão de esperança capaz de preparar o terreno para futuras conversações em busca da paz? Na Europa, e principalmente na França, fala-se sobretudo em fracasso, ainda que não explicitamente. Se formos mais longe um pouco, observaremos que certos círculos diplomáticos europeus não parecem incomodados com o fato de ver que os EUA, tão poderosos quando do início do conflito entre israelenses e palestinos, foram obrigados a amargar uma derrota tão acachapante quanto a dos europeus. Powell fala de progressos. Mas onde é que eles estão que ninguém vê?, indagam irônicos os europeus, uma vez que Sharon não modificou uma vírgula sequer de seu programa. Os EUA bem que tentaram explicar a Sharon que Washington mudou sua linha de conduta, como ficou claro pelo discurso de Bush em 4 de abril. Até então, desde a posse do atual presidente, Israel sempre fez o que quis. Depois do discurso de 4 de abril, porém, Sharon passou a ser cada vez mais pressionado por Washington. A grande preocupação agora é que ele, numa atitude de completo desvario, faça pouco das recomendações americanas. Como se pode falar em progresso, indagam os europeus, se os palestinos continuam inflexíveis e exigem o tempo todo a retirada completa do Tsahal (Exército israelense) dos territórios ocupados por Israel, enquanto Sharon se recusa a se retirar de Ramallah e Belém? E isso sem falar de sua determinação, agora mais do que nunca, de se livrar de Arafat. Com relação à conferência regional proposta por Sharon, da qual participariam os EUA e os países árabes, o ceticismo não poderia ser maior. A ausência dos países da Europa nessa mesa já é, por si só, um erro de enormes proporções. Quanto às acrobacias de Israel para excluir Yasser Arafat desse encontro, fica claro que Sharon só aceita negociar consigo mesmo. "Acreditar que se possa fazer uma conferência, ou chegar a algum tipo de conclusão sem Arafat, é pura ilusão", assinala o ministro francês das Relações Exteriores, Hubert Védrine. O mesmo Védrine gostaria que os EUA demonstrassem mais empenho: "Os americanos estão divididos. O espanto tomou conta deles novamente. Quando Powell vai a Ramallah encontrar-se com Arafat, parece evidente que os EUA não apóiam integralmente a política de Sharon. Percebe-se nitidamente a existência de um debate acalorado no interior do governo americano. Quanto a mim, na qualidade de ministro europeu, e cujo único objetivo é a paz, só posso desejar que os EUA optem decididamente por uma política que permita ao governo de Israel combater o terrorismo. Ao mesmo tempo, é preciso que se proponha novamente uma negociação política cujo propósito não seja destruição da Autoridade Palestina. É indispensável que seja assim, ou não haverá um parceiro com quem se possa negociar a paz".

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