Para ex-presidentes, Brasil, Argentina e México precisam se unir para fortalecer América Latina

Em seminário, empresários e acadêmicos, os líderes políticos orquestraram a única chance para a América Latina no novo mapa mundial: trazer o México para o Sul e coordenar uma posição comum no G-20

PUBLICIDADE

Por Márcio Resende
Atualização:

BUENOS AIRES - Em seminário que em Buenos Aires entre ex-presidentes, empresários e acadêmicos, os líderes políticos de Brasil, Chile, Uruguai, Argentina e Espanha orquestraram a única chance para a América Latina no novo mapa mundial: trazer o México para o Sul e coordenar uma posição comum no G-20.

"Abriu-se uma oportunidade única para a América Latina porque está havendo um deslocamento do centro do poder do mundo. México, Argentina e Brasil podem ter uma posição negociada com os demais países da região e aí teremos voz", analisou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. "E a ponte é o G-20, onde os três estão", indicou.

Ex-presidentes participam deencontro do Círculo de Montevidéu, em Buenos Aires Foto: REUTERS/Marcos Brindicci

PUBLICIDADE

Para o ex-presidente brasileiro, há uma ascensão da China e uma nova posição da Rússia como ator de peso no Oriente Médio e na China. "Mas o movimento tectônico é a relação China-Estados Unidos", sublinhou.

O ex-presidente chileno Ricardo Lagos disse concordar que essa união no G-20 é a única chance de a região ser escutada no contexto global. "Se México, Brasil e Argentina se unirem, há uma chance de sermos escutados e de incidirmos na agenda mundial. É essencial entender que o México tem de estar aqui", pediu.

"Temos de refazer os nossos entendimentos latino-americanos, incluindo o México. É hora de termos uma só voz", somou-se o presidente argentino, Mauricio Macri. A partir de 1º de janeiro, a Argentina vai presidir o grupo das 20 nações mais desenvolvidas.

Até mesmo o ex-presidente espanhol Felipe González destacou a chance da América Latina. "Até agora, em nenhuma ocasião México, Brasil e Argentina coordenaram a sua posição no G-20, muito menos com o restante da América Latina para representar a posição da região", frisou.

"Entre multilateralismo puro praticamente impossível e o unilateralismo como tentação está o regionalismo aberto", acredita. "Perante a evolução rapidíssima da perda da relevância da Europa, as eleições na França foram as primeiras derrotas de Trump e de Putin", considerou.

Publicidade

"O 'chavismo' perdeu força na região e o México ficou desorientado com Trump. Este é o momento", concluiu FHC.

O encontro de ex-presidentes, empresários e acadêmicos em Buenos Aires é promovido pela Fundação Círculo de Montevidéu, uma iniciativa do ex-presidente uruguaio Julio Maria Sanguinetti e integrado por governantes da América Latina e Europa, além de dirigentes de organizações internacionais. 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.