Para governo brasileiro, massacre na Síria é inaceitável

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Por Iuri Dantas
Atualização:

O uso de armamento pesado contra civis, conforme as suspeitas que recaem sobre o regime comandado por Bashar Al Assad, tornou a violência no País ainda mais "condenável e inaceitável", nas palavras do porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Tovar Nunes. A dura nota divulgada no fim da semana pelo Itamaraty representa um aumento na preocupação do governo com os desdobramentos da crise que engolfa a Síria desde março do ano passado.Ou seja, a mudança de tom do governo brasileiro se deve à escalada do conflito, principalmente à decisão de Assad de lançar mão de armamento militar contra civis. As suspeitas têm como base a morte de 200 pessoas na vila de Tremseh, bombardeadas pelas Forças Armadas sírias. O suposto massacre ocorreu na vila próxima à cidade de Hama, elevando para mais de 16 mil o número de vítimas fatais no levante contra o presidente sírio.A escalada na violência, representada pelo uso de armamento militar, "rompe com os princípios de cessar a violência contra civis", afirmou Nunes. O bombardeio por tropas oficiais mostra que o massacre de Tremseh não foi apenas "mais uma onda de violência", na avaliação do governo brasileiro. Daí a decisão de condenar "veementemente a repressão violenta contra civis desarmados", de acordo com a nota divulgada na sexta-feira.ChacinaO massacre ocorreu na quinta-feira. A vila foi cercada e bombardeada por artilharia e foguetes lançados por helicópteros. Sobreviventes foram executados por milícias locais. Há relatos sobre mortos em um rio.A decisão de usar soldados e armas das Forças Armadas elevou a violência para um patamar ainda maior, avalia o governo brasileiro. A resposta, na nota oficial, foi usar a mesma estratégia, elevando o tom contra Assad, que chegou ao poder em 2000 após quase três décadas de mando de seu pai, Hafez Al Assad.A interrupção da morte de civis está prevista no plano de paz de seis pontos proposto pelo ex-secretário-geral das Nações Unidas Kofi Annan, que tenta mediar uma transição pacífica em nome da ONU e da Liga Árabe. No entanto, o governo Dilma Rousseff ainda acredita que haja espaço para uma transição política comandada pelos próprios sírios e evita falar abertamente em sanções por meio do Conselho de Segurança das Nações Unidas, como defende a secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton.Na nota divulgada anteontem, o Itamaraty mencionou o conselho responsável por autorizar ações armadas contra países em nome das ONU. Mas limitou-se a defender o respeito a duas resoluções do organismo que permitem o acesso de observadores a locais de conflito."O Governo brasileiro insta o Governo sírio a interromper imediatamente quaisquer ações militares contra civis desarmados e a cooperar com a Missão de Supervisão das Nações Unidas na Síria (UNSMIS) permitindo-lhe acesso irrestrito aos locais conflagrados por conflitos, conforme mandato do Conselho de Segurança da ONU", dizia a nota.

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