Para Maduro, nenhum governo pode exigir um referendo para revogar seu mandato

Presidente venezuelano criticou visita de líder opositor à países da América do Sul, e destacou que a direita no mundo existe para ‘pedir intervenção na Venezuela’

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Por Redação
Atualização:

CARACAS - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse na terça-feira que nenhum governo do mundo pode exigir a realização de um referendo para revogar seu mandato, e criticou o líder da oposição, Henrique Capriles, que realiza um giro por países da América do Sul, onde foi recebido por vários governantes.

"Nenhum governo do mundo irá impor-se aqui, a menos que cheguemos a um acordo na OEA (Organização dos Estados Americanos). O que vocês acham? Vamos assinar um acordo e todo mundo na América, a começar por Estados Unidos, Argentina, Brasil, Paraguai, etc., colocarão já em sua Constituição o referendo revogatório como um direito de seus povos respectivos", afirmou.

Presidente da Venezuela, Nicolas Maduro Foto: AFP PHOTO / JUAN BARRETO

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O presidente venezuelano fez o comentário durante seu programa de rádio e televisão, "Em Contato com Maduro", no qual criticou as passagens de Capriles por Brasil, Paraguai e Argentina, onde recebeu o respaldo de seus respectivos governos.

"Para mim, ninguém deve ir falar sobre o referendo revogatório em países que não preveem esta medida. É um assunto dos venezuelanos. Eu não me dirijo ao presidente do Paraguai, (Horacio) Cartes, que eu conheço muito bem, para dizer a ele: 'você deve punir os golpistas que derrubaram o presidente (Fernando) Lugo'", comentou o chefe de Estado venezuelano.

Em seu giro pela América do Sul, Capriles foi recebido no Brasil pelo ministro das Relações Exteriores, José Serra; por Horacio Cartes, presidente do Paraguai; e pelo mandatário da Argentina, Mauricio Macri.

"Para que existe a direita no mundo? Para pedir intervenção na Venezuela", disse Maduro, que, além disso, previu que Capriles, que já foi duas vezes candidato à presidência, "jamais" governará o país.

O chefe de Estado venezuelano afirmou que o mundo nunca o verá dando instruções a qualquer presidente, pois isso seria "quebrar as regras do jogo básico da diplomacia, do direito internacional, da convivência e do projeto de integração" na região.

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Bolívia. O presidente boliviano, Evo Morales, ameaçou na terça-feira retirar a Bolívia da OEA, diante da iminente reunião do conselho da organização para debater a crise política e institucional do país e voltou a criticar seu secretário-geral, Luis Almagro.

"Se a OEA continuar sendo instrumento para o império e não para os povos, penso em nos retirar da OEA", afirmou o presidente boliviano em sua conta pessoal no Twitter, após várias críticas à organização e a Almagro, principalmente pela gestão da crise política na Venezuela.

Morales se manifestou a favor de Maudro, seu aliado político. "Houve um Almagro de invasão e há outro Almagro de dominação da América Latina e do Caribe", escreveu Morales em outro tuíte, comparando o papel do conquistador espanhol Diego de Almagro e do atual secretário-geral da OEA.

As críticas do governante boliviano ocorrem durante a 46ª Assembleia-Geral da OEA, que acontece em Santo Domingo, e a menos de 10 dias de uma sessão extraordinária do Conselho Permanente, que deve abordar a situação da Venezuela.

O secretário de Estado americano, John Kerry, pediu também na terça-feira, ante a Assembleia-Geral da OEA, a realização de um "referendo justo e oportuno" na Venezuela. /EFE e AFP

Veja abaixo: Confronto aumenta tensão na Venezuela

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