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Para Morales, eleição é "1.º capítulo da refundação da Bolívia"

O presidente afirmou também que pretende reforçar os laços com o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente boliviano, Evo Morales, votou neste domingo de manhã na região do Chapare, no centro do país, de onde emergiu para a política como líder sindical dos plantadores de coca locais. Depois de depositar seu voto, Evo qualificou o processo de eleição da Assembléia Constituinte como "o primeiro capítulo da refundação da Bolívia" e afirmou que pretende reforçar os laços com o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva - que passam por turbulências desde a decisão boliviana de nacionalizar as operações de gás natural e petróleo no país. A estatal brasileira Petrobras foi a empresa mais afetada pela nacionalização. Evo anunciou que viajará para Caracas na terça-feira, onde participará, como convidado, da reunião do Mercosul que formalizará a entrada da Venezuela no bloco. "Já entrei em contato com a chancelaria brasileira para informar que quero conversar com Lula em Caracas", disse o líder boliviano. "Essa conversa deve ir mais além das negociações sobre preço de gás (que a Bolívia vem travando com a Petrobrás e o governo brasileiro). O que quero é convidar Lula para estar em Sucre no dia 6 de agosto (quando os membros da Assembléia Constituinte tomam posse)." "Eu gostaria que Lula e o Brasil estivessem ao nosso lado nesse processo de refundação, de revolução democrática e pacífica, do Estado boliviano", afirmou Evo. Segundo o presidente boliviano, eleito em dezembro com a promessa de "libertar o país de 500 anos de domínio da elite branca", a nova Constituição vai proporcionar desenvolvimento ao país e "evitar conflitos sociais como os que ocorrem em países vizinhos", referindo-se a Peru e Colômbia. Evo também prometeu "não uma simples reforma agrária, mas uma revolução agrária que dará aos camponeses bolivianos oportunidade de trabalho e subsistência". O governo boliviano promete apresentar seu plano de reforma agrária em 2 de agosto, quatro dias antes da posse dos representantes da Constituinte. O projeto ameaça os interesses de cerca de 100 famílias de brasileiros que produzem soja em grandes propriedades no departamento de Santa Cruz de la Sierra. É quase certo que as terras de estrangeiros localizadas a menos de 50 quilômetros da faixa de fronteira com o Brasil serão expropriadas. A atual Constituição boliviana não permite que estrangeiros tenham propriedades na faixa de fronteira e é pouco provável que a nova Carta modifique essa lei.

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