Para não serem deportados, imigrantes fogem de hospital

Alemanha, França e Reino Unido pedem reunião de emergência da UE

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Por Jamil Chade
Atualização:

GENEBRA – Imigrantes que haviam sido socorridos pela polícia da Áustria de uma mini-van desapareceram do hospital para onde haviam sido levados, inclusive três crianças em estado crítico. As autoridades suspeitam que famílias de um grupo de 26 pessoas fugiram do hospital para evitarem serem deportadas para a Hungria. O incidente ocorre no momento em que Alemanha, França e Reino Unido pedem uma reunião de emergência da Europa para lidar com a cris.

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No sábado, a polícia austríaca resgatou três crianças à beira da morte de um veículo carregado com 26 imigrantes em uma estrada do país. 

Os policiais o perseguiram até conseguirem pará-lo em Branau. Ao abrirem o contêiner, encontraram sírios, afegãos e refugiados de Bangladesh. As três crianças retiradas foram internadas em estado crítico e com desidratação . Médicos indicaram que elas poderiam estar mortas em poucas horas se não fosse pela operação. Na noite deste sábado, elas estavam fora de risco.

O novo caso, um dia depois do descobrimento de 71 corpos em um caminhão numa estrada austríaca, revelou que grupos criminosos continuam a operar, apesar das mortes a cada dia.

No mesmo sábado, porém, as três crianças resgatadas e suas famílias desapareceram do hospital. Para as autoridades locais, eles teriam tentando cruzar a fronteira com a Alemanha, evitando deportação. O hospital local indicou que as crianças ainda precisavam ser mantidas em tratamento. Mas não corriam mais risco de vida. 

Convocação. O incidente chamou a atenção uma vez mais para a falta de uma política comum para lidar com os refugiados Neste domingo, Alemanha, França Reino Unido convocaram uma reunião de emergência do bloco para "encontrar medidas concretas" para lidar com o problema. A idéia é de que o encontro ocorra até meados de setembro.

Uma das medidas propostas é a criação de centros de acolhidas para os imigrantes em locais como Itália e Grécia. Dali, os refugiados seriam repartidos pelo continente. Mas entidades de direitos humanos temem que sejam centros de detenção e que milhares seriam deportados, antes mesmo de chegar a esses locais. 

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Outra proposta é de que a Europa elabore uma lista comum de países que seriam considerados como "seguros". Se um imigrante chegar de um desses locais, sua demanda de asilo seria dificultada. O objetivo seria o de dar, portanto, prioridade para países como Síria, Afeganistão ou Iraque, facilitando o status de refugiados para pessoas desses locais. 

"Isso levará meses para ocorrer. Mas teremos de ter uma política comum de asilo", declarou o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi. 

Dentro da UE, porém, a única reação por enquanto tem sido as críticas mútuas entre governos. No domingo, o chanceler francês, Laurent Fabius, atacou os governos do Leste Europeu por não estabelecerem cotas para receber refugiados. "Isso é escandaloso", disse. Fabius ainda criticou a construção de um muro pela Hungria, alegando que isso "não respeita os valores europeus". 

Paris, porém, deu apenas 5 mil vagas para refugiados desde 2012 e também é alvo de críticas. Apenas em agosto, 40 mil pessoas refugiados chegaram ao território húngaro. 

Neste domingo, o papa Francisco ainda usou sua missa na praça São Pedro para pedir uma oração aos "imigrantes que morrem em suas viagens terríveis". O pontífice também pediu cooperação para "impedir esses crimes que ofendem todos os seres humanos". 

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