Para normalizar laços, EUA reivindicam indenizações

Na cerimônia presidida por John Kerry, a bandeira americana será içada em Havana, às 10 horas desta sexta-feira

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Por Cláudia Trevisan
Atualização:

O hasteamento da bandeira dos EUA nesta sexta-feira em Havana será o evento mais simbólico da retomada de relações entre os antigos adversários da Guerra Fria, mas estará longe de concluir o processo de normalização iniciado em dezembro. A partir de agora, ambos os lados terão de debruçar sobre temas espinhosos, como o embargo econômico contra a ilha e os pedidos de indenização de empresas e cidadãos americanos que tiveram bens expropriados pela Revolução de 1959. Na cerimônia presidida por John Kerry, a bandeira americana será içada em Havana, às 10 horas (11 horas de Brasília). A bandeira não será a mesma que estava no local em 1961, quando os EUA romperam relações diplomáticas com Cuba. Mas os três marines que retiraram o símbolo do local há 54 anos estarão entre os convidados. Apenas Kerry e o poeta cubano-americano Richard Blanco devem falar durante a cerimônia. A celebração se dará um dia depois do aniversário de 89 anos de Fidel Castro, que protagonizou o confronto de mais de cinco décadas com o vizinho do norte. Afastado do poder desde 2006, o cubano festejou a data com os presidentes da Venezuela, Nicolás Maduro, e da Bolívia, Evo Morales, críticos dos EUA. Num sinal das dificuldades que Washington e Havana têm pela frente, Fidel defendeu em artigo publicado ontem o pagamento, pelos EUA, de indenização pelos prejuízos decorrentes do embargo em vigor desde 1961. Não há estimativas precisas do valor pretendido por Cuba, mas uma das cifras mencionadas pela imprensa oficial ronda os US$ 100 bilhões. Na mão contrária, o Departamento de Justiça dos EUA reconheceu demandas que hoje somam US$ 8 bilhões. Ted Piccone, especialista em Cuba do Brookings Institution, disse ao Estado que a solução dos pedidos de indenização dos americanos é uma precondição legal para o levantamento do embargo. / C.T.  

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