Para ongs, Afeganistão ainda é terra de ninguém

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Por Agencia Estado
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O Acordo de Bonn, que estabeleceu o novo governo do Afeganistão e apresentou um projeto de reconstrução do país depois de 23 anos de guerra, completou um ano hoje. Mas tanto os funcionários da ONU como as organizações não-governamentais (ongs) afirmam que a única região que está de fato sob o controle do governo nacional de Hamid Karzai é a capital Cabul. O resto do país segue sendo terra de ninguém, onde os senhores da guerra ainda determinam as leis, seja no setor econômico seja no setor militar. Para especilistas da ONU, enquanto os exércitos comandados pelos líderes das várias regiões não forem desarmados, o país não conseguirá viver em paz. Nesta semana, o presidente Karzai anunciou a criação de um Exército naciona. Segundo ongs, isso somente será possível se países como os Estados Unidos e Reino Unido pararem de vender armas e dar recursos para os líderes regionais. Segundo a Human Rights Watch, a única forma de garantir a segurança em todo o país é enviar tropas internacionais a todo o território, proposta que não é bem recebida pelos Estados Unidos. Apenas Cabul conta com militares norte-americanos e, recentemente, os Estados Unidos finalmente aceitaram a possibilidade de enviar tropas a outras regiões. Mesmo assim, apenas para patrulhamento. A ong aponta que ainda existem sérios obstáculos para a proteção dos direitos humanos no Afeganistão. Apesar do Acordo de Bonn, que decretou o fim do regime do Taleban e garantia que os direitos humanos seriam respeitados, poucos instrumentos foram colocados em funcionamento para verificar se, de fato, a situação está melhorando. Diante da falta de segurança na grande parte do território e da falta de controle do governo nacional sobre os líderes regionais, poucos apostam que o país poderá realizar eleições democráticas em 2004, como está previsto pelo acordo que completa seu primeiro aniversário. Até mesmo a Loya Jirga, conselho que reúne os principais líderes do Afeganistão, parece ameaçada pelos comandantes militares, que farão de tudo para não perder seus poderes.

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