
28 de março de 2010 | 00h00
Com 70% dos haitianos desempregados, as famílias dependem em grande medida do trabalho informal. Se já era assim antes do terremoto, agora que todo o comércio foi ao chão, incluindo lojas, supermercados e quitandas, as ruas de Porto Príncipe tornaram-se um imenso mercado a céu aberto.
A produção nacional, porém, é insuficiente para alimentar a todos. E há pouquíssimo dinheiro em circulação porque não há trabalho. Escolas e universidades, serviços públicos e grande parte das empresas não voltaram a funcionar. Em barraquinhas improvisadas na frente do que antes foi a sua casa ou local de trabalho, uns se viram com pequenos bicos. Outros sentam-se no chão à espera de um punhado de arroz, que para muitos não chega.
As ONGs destacadas pelas Nações Unidas intensificaram a distribuição, em sacos de 50kg, e não mais de 25kg como antes, para que não sobre comida nos galpões do Programa Mundial de Alimentação. Em março, 1,5 milhão de pessoas receberam arroz, mas ainda há alimentos para mais 1 milhão.
A comida é dada a quem consegue pegar a senha, entregue um dia antes por uma entidade do bairro. O problema é que, exceto pela condição de um saco por família, não há critério de escolha.
Moradores de Citè Soleil dizem que a associação local privilegia congregados - no Haiti, paga-se mensalidade às entidades de bairro, em troca justamente de benefícios. O comando militar brasileiro já flagrou entidades vendendo senhas pelo equivalente a R$ 7 cada. "O ideal é cadastrar as famílias e destinar a entrega aos mais necessitados. Mas, na correria...", diz Allister Clewlow, chefe de segurança alimentar da Samaritans.
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