CARACAS - A Central Bolivariana de Trabalhadores (CBT) afirmou na segunda-feira, 28, que o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro - que enfrenta protestos de rua há dois meses -, aproveitará o 1.º de Maio para anunciar aumento de salários. Para compensar a inflação, que passou de 56% em 2013, o governo também concederá financiamentos a empresas para impulsionar a produção interna do país, que importa quase tudo o que consome.
Segundo a entidade sindical, a elevação nos salários deixará satisfeitos os trabalhadores venezuelanos. "Vai haver um aumento. Não estou autorizada a dizer qual a porcentagem, mas será uma com a qual os trabalhadores estarão de acordo", disse a vice-presidente da CBT, Egle Sánchez.
Maduro aumentou em 10% o salário mínimo em 6 de janeiro. No câmbio oficial - que mantém US$ 1 a 6,30 bolívares -, o salário mínimo venezuelano vale US$ 519. Segundo o novo Sistema Cambial Alternativo de Divisas (Sicad 2) - plataforma de leilão de dólares lançada pelo governo para tentar conter a diferença entre o câmbio oficial e paralelo - o salário mínimo vale US$ 65,84, já que o valor médio do dólar fica em 49,67 bolívares.
Estudantes se acorrentaram em protesto nesta segunda-feira, 28, em Caracas (Foto: Miguel Gutiérrez/EFE)
Quando anunciou o aumento salarial, a sindicalista afirmou que a CBT e a Central Socialista de Trabalhadores pretendem reunir 2 milhões de pessoas em manifestações "em apoio ao governo" no Dia do Trabalho. "Vamos demonstrar que apoiamos o governo de Maduro", disse, acrescentando que haverá três concentrações para a marcha que as entidades sindicais pretendem organizar na capital venezuelana.
PIB
O vice-presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores, Franklin Rondón, também dirigente do governista Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), declarou, ao lado da sindicalista da CBT, que a manifestação "respaldará o impulso à revolução econômica, fazendo a Avenida Bolívar transbordar (de gente)".
O ministro venezuelano das Indústrias, José David Cabello, afirmou que na segunda fase de sua "ofensiva econômica", o governo oferecerá a empresas venezuelanas financiamentos por meio do Fundo de Desenvolvimento Nacional e de um fundo chinês, além de bancos públicos e privados, para elevar a produção interna.
Durante um ato no Estado de Aragua, Cabello declarou que um dos objetivos da iniciativa é fazer com que os empresários venezuelanos possam adquirir "bens de capital que possam aumentar a produção em cada uma de suas empresas", segundo a Agência Venezuelana de Notícias.
"Hoje, se chegará a um grande acordo nacional para que no fim do ano as empresas privadas venezuelanas alcancem se não 100% de sua capacidade de produção, uma porcentagem muito próxima a essa", disse Cabello em Maracay.
O vice-presidente, Jorge Arreaza, afirmou que o governo está disposto a "comprar toda a produção nacional sempre que os preços sejam justos", com o objetivo de estimular o PIB venezuelano. "Precisamos produzir mais", afirmou o vice-presidente para a área econômica e ministro do Petróleo, Rafael Ramírez.
Crise
O diálogo entre o governo venezuelano e a oposição entrou nesta segunda-feira na terceira semana, com a expectativa de que sejam alcançados acordos que deem credibilidade à negociação que busca pôr fim à turbulência política no país e deixou 41 mortos desde fevereiro.
A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP, na sigla em espanhol) declarou que o entendimento somente poderá ser alcançado se houver "transparência e respeito". De acordo com o presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação da SIP, Claudio Paolillo, não pode haver diálogo sem os jornalistas. "Faz tempo que o governo venezuelano institucionalizou a imprensa", disse. / EFE e AP