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Paraguai deve dar aval à Venezuela amanhã

Senado de Assunção já reúne votos suficientes para aprovar entrada de Caracas no Mercosul, abrindo caminho para retorno paraguaio ao bloco

Por Roberto Simon e ASSUNÇÃO
Atualização:

Senadores paraguaios devem aprovar com folga amanhã o protocolo de adesão da Venezuela ao Mercosul, abrindo caminho para que Assunção retorne plenamente ao bloco sul-americano. Calcula-se que o governo de Horacio Cartes tenha pelo menos oito votos a mais do que o necessário para conseguir passar o texto no Senado.

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Os governos da região querem que o Paraguai dê o aval à Venezuela agora e, na cúpula do bloco no dia 17 de janeiro, em Caracas, receba a presidência rotativa do Mercosul. Pela ordem, seria a vez de a Argentina ocupar a cadeira, mas o Brasil propôs oferecê-la aos paraguaios como um atrativo a mais para que o país volte ao bloco e para que o governo Cartes consiga "vender" mais facilmente a decisão ao público interno.

Em entrevista ao

Estado

, o chanceler paraguaio, Eladio Loizaga, negou que a pressão do Brasil e da Argentina tenha feito Cartes enviar o protocolo de adesão da Venezuela ao Senado na quinta-feira (mais informações nesta página). "Essa é uma decisão soberana do Paraguai, a qual atende aos interesses paraguaios", disse. Loizaga afirma que Assunção quer retomar logo suas funções no bloco para influenciar as negociações de um acordo comercial entre Mercosul e União Europeia.

Hoje o secretário-geral do Itamaraty, Eduardo dos Santos, deve desembarcar em Assunção para discutir o assunto. O chanceler paraguaio viajará em seguida para Brasília.

A suspensão do Paraguai foi revogada pelos demais membros do Mercosul em agosto, após a eleição de Cartes. No entanto, falta ainda aos paraguaios aprovar o protocolo de adesão da Venezuela.

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A punição ao Paraguai foi imposta em razão do impeachment relâmpago do presidente Fernando Lugo, em junho de 2012. À época, os paraguaios eram os únicos entre os membros do Mercosul que não haviam aprovado a entrada venezuelana. Com Assunção de fora, os demais membros admitiram Caracas.

Revoltados com a suspensão e com a decisão à revelia do Paraguai, senadores de Assunção votaram e reprovaram a entrada da Venezuela. Eles também declararam o então chanceler - hoje presidente - venezuelano, Nicolás Maduro, persona non grata no país. Ambas as decisões devem ser anuladas hoje.

Folga.

Uma maioria simples entre os 45 senadores garante a aprovação do texto da adesão de Caracas ao bloco. A estimativa é que 31 integrantes da Câmara Alta do Congresso votem a favor, dando uma confortável vitória ao governo.

Se confirmado, esse será o quarto triunfo de Cartes no Senado em quatro meses de mandato. Ele conseguiu aprovar uma lei de responsabilidade fiscal, uma autorização para parcerias público-privadas e o aval para que o Exército seja empregado contra o Exército do Povo Paraguaio (EPP), grupo radical que vem ampliando suas ações.

"Há setores no país que querem que sigamos insatisfeitos (com a suspensão ao Paraguai), mas é preciso buscar o que é do interesse dos cidadãos paraguaios", afirmou Cartes, na sexta-feira, ao retornar da Bolívia, que está em processo de adesão ao Mercosul. Desde que assumiu, ele viajou para todos os países do bloco.

Os principais jornais do Paraguai atacaram a decisão de Cartes. "Assim, barato, se entregará a dignidade (do Paraguai) ante a afronta perpetrada pela imperatriz bandeirante (Dilma Rousseff) e sua comadre 'viúva negra' do Prata (Cristina Kirchner), com a cumplicidade do ex-tupamaro (José Mujica)", escreveu o ABC Color.

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