ASSUNÇÃO - O número de casos ativos de coronavírus confirmados no Paraguai caiu nesta terça-feira, 26, para 484, apesar do registro de 12 novos infectados nas últimas 24 horas, todos provenientes do exterior, segundo informações divulgadas pelo Ministério da Saúde.
Ainda segundo a pasta, foram realizados 953 testes de ontem para hoje, e oito pessoas precisaram ser hospitalizadas com covid-19. Ao todo, desde o começo da pandemia no país vizinho, em 7 de março, houve 877 contágios por SARS-CoV-2, com 382 pessoas curadas e 11 mortes.
O Paraguai não tinha tão poucos casos ativos assim desde o último dia 8. A queda nas infecções é acompanhada pela retomada controlada da atividade produtiva, com um cronograma seletivo de setores e baseado no cuidado com a saúde para manter a crise sanitária sob controle.
Nesta segunda-feira começou a segunda fase da chamada "quarentena inteligente". Essa etapa da saída gradual do confinamento durará até 15 de junho, com a liberação de atividades físicas ao ar livre, programas culturais sem público e funcionamento de shopping centers.
Os escritórios corporativos poderão reabrir suas portas com metade do pessoal, e a restrição de circulação de veículos particulares foi removida, com esquema de rodízio.
No Paraguai, as fontes de contágio são atualmente os 48 abrigos criados pelo governo nas áreas de fronteira, a maioria em Ciudad del Este, segunda maior cidade do país e que está localizada na fronteira com o Brasil.
Vantagem
O isolamento geográfico do Paraguai, sem litoral e com tráfego aéreo pequeno comparado às grandes capitais da América do Sul, favorece muito a obtenção de resultados na luta contra o novo coronavírus, concordaram epidemiologistas e autoridades de saúde.
"O fato do Paraguai ser cercado por terras é uma vantagem. Os casos positivos são quase todos do exterior. Há pouca detecção na comunidade", disse à AFP o epidemiologista Antonio Arbo, ex-ministro da Saúde.
O relatório de segunda-feira registrou três novas infecções no país, num total de 865, e 11 mortes. O primeiro caso no país foi registrado em 7 de março.
Um mês antes, o governo cancelou vistos concedidos a cidadãos chineses e estrangeiros procedentes da China.
As aulas foram suspensas, os voos comerciais foram proibidos e, em 17 de março, as fronteiras com o Brasil e a Argentina foram fechadas.
"Se não agíssemos imediatamente, os cálculos mais conservadores indicam que teríamos mais de 15 mil casos", disse à AFP o ministro da Saúde, Julio Mazzoleni, que reconhece a vulnerabilidade do sistema.
O médico Ricardo Iramain, diretor do Comitê de Emergência da Sociedade Latino-Americana de Terapia Intensiva (Slacip), concordou que a conjunção "localização mediterrânea, isolamento e quarentena precoce foi decisiva".
Arbo reconhece que "o colapso foi evitado", mas espera que o pico de circulação do vírus seja entre junho e agosto. "O pior que poderemos ver em dois meses", disse ele.
A Organização Mundial da Saúde declarou na semana passada que a América do Sul é o novo epicentro da pandemia.
"Insensatez brasileira"
Em relação à ameaça da multiplicação de casos no Brasil, país com o qual o Paraguai compartilha uma extensa fronteira, Arbo disse que "a insensatez brasileira em algum momento vai pagar seu preço".
Com mais de 370 mil casos e 23.473 mortes até agora, o Brasil é o país mais afetado da América Latina.
"A única coisa que salvaria o Paraguai seria manter suas fronteiras fechadas", disse Arbo.
Em relação à Argentina, que soma mais de 12.600 casos e 467 mortes, ele disse que "tem uma média muito boa".
Os paraguaios esperam mais de 25 mil repatriados nas próximas semanas. Todos os dias eles chegam da Argentina e do Brasil, principalmente porque perderam os empregos devido à pandemia.
Eles são alojados em abrigos em uma "quarentena voluntária". Mas o perigo é o contágio. "Vários chegaram saudáveis e adquiriram a doença em abrigos", revelou Iramain. Felizmente, hotéis já foram disponibilizados para os quem chegam do exterior", acrescentou. /EFE e AFP