
08 de novembro de 2010 | 09h33
Funcionária da comissão eleitoral se prepara para iniciar contagem de votos.
RANGUN - Os dois partidos apoiados pela Junta Militar apareciam à frente na apuração das eleições de Mianmar, as primeiras realizadas no país em 20 anos. Os resultados já eram previstas por ativistas e governos, que consideram o pleito fraudulento e arranjado para a vitória dos militares e sua permanência no poder.
A televisão estatal informou que os birmaneses foram às urnas "feliz e livremente", mas declarações de testemunhas apontam irregularidades e uma baixa taxa de participação no processo eleitoral.
Segundo os resultados parciais, transmitidos pelos meios de comunicação estatais, os partidos apoiados pelos militares lideravam a apuração. Os resultados finais, que indicarão quem terá o controle do Parlamento, deve ser divulgado em um dia ou mais.
Os birmaneses que se abstiveram de votar expressaram dúvidas de que as eleições, tachadas de "nem livres e nem justas" pelo presidente dos EUA, Barack Obama, e pelo chanceler britânico, William Hague, poderiam alterar o sistema autoritário vigente no país asiático. Os militares controlam o país desde 1962, e a oposição afirmou que a disputa nas urnas foi completamente injusta.
Conflitos
As milícias da minoria étnica karen e as tropas do governo iniciaram conflitos na região fronteiriça com a Tailândia após as eleições, causando a debandada de 10 mil birmaneses ao país vizinho.
O governador da província tailandesa de Tak e o comandante do Exército de Bangcoc disseram que as autoridades estavam abrigando os refugiados. É a maior fuga de birmaneses para a Tailândia nos últimos anos.
Três civis morreram e outras 11 pessoas ficaram feridas nos enfrentamentos. Um funcionário militar tailandês na fronteira disse anonimato que uma granada caiu no lado tailandês da fronteira, em Mae Sot, ferindo várias pessoas.
A secretária-geral da União Nacional Karen, Zipporah Sein, sediada na Tailândia, disse que o confronto opôs 300 membros do Exército Budista Democrático Karen (DBKA) e soldados do governo. O primeiro-ministro da Tailândia, Abhisit Vejjajiva, disse que a violência no vizinho pode durar meses. Ele prometeu, porém, não interferir nos "assuntos domésticos" de Mianmar.
Na semana passada, a Voz Democrática da Birmânia, uma organização de mídia no exílio, afirmou que seis grupos armados de Mianmar, que ocupam áreas de minorias étnicas, concordaram em se ajudar caso fossem atacados pelo governo.
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