Paris, Berlim e Moscou condenam guerra; ONU lamenta

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Por Agencia Estado
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Antevendo um "desastre iminente" para o povo do Iraque, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, implorou aos Estados Unidos e seus aliados para não abandonarem a ajuda humanitária enquanto promovem a guerra. "A minha preocupação mais imediata agora é com o sofrimento do povo iraquiano", afirmou Annan, no encerramento de uma reunião do Conselho de Segurança (CS) da ONU que se transformou num protesto contra a guerra dos EUA. "Esse é um dia triste para as Nações Unidas", lamentou Annan. "Sei que milhões de pessoas em todo o mundo compartilham esta sensação de desapontamento e estão profundamente alarmadas". O secretário-geral sustentou que a responsabilidade pelo que vier a ocorrer recai sobre o Estado beligerante, a potência ocupante, e disse que a ONU e vários de seus organismos, quando ainda era possível evitar-se um conflito, vinham se preparando para uma emergência humanitária de tal magnitude. Antes de Annan encerrar a reunião de três horas, os maiores opositores mundiais de uma invasão do Iraque disseram no CS que não existe prova de que o presidente iraquiano, Saddam Hussein, represente uma ameaça. "Se, hoje, tivéssemos fatos irrefutáveis demonstrando que no território do Iraque existe uma ameaça direta aos Estados Unidos", afirmou o ministro do Exterior russo, Igor Ivanov, seu país usaria de "todos os meios" para ajudar a eliminá-los. Mas não foram oferecidas provas, segundo Ivanov, e o Conselho de Segurança foi marginalizado. Suas duras declarações foram coordenadas com os ministros do Exterior da França e Alemanha, que também discursaram no conselho. "A Alemanha rejeita enfaticamente a iminente guerra", disse o ministro do Exterior alemão, Joschka Fischer. O Iraque foi lento e escorregadio durante o processo de inspeção, mas essas táticas podem "seriamente ser consideradas motivos para guerra?", perguntou. O protesto simbólico certamente não irá afetar a decisão de Washington, de derrubar Saddam. O chanceler francês, Dominique de Villepin, disse que o uso da força militar contra o Iraque irá encorajar o terrorismo, ao invés de eliminá-lo. "A erupção da força nessa região, que é tão instável, pode exacerbar as tensões e divisões das quais os terroristas se alimentam", advertiu. O CS, considerou, tem agora que olhar para a questão da ajuda humanitária. Suas afirmações foram recebidas com aplausos. O embaixador americano, John Negroponte, pediu por um imediato apoio do CS para "garantir a continuidade de entrega de suprimentos humanitários, particularmente alimentos e remédios, para o Iraque". Segundo Negroponte, os EUA estão conversando com membros do CS sobre ajustes no programa de troca de petróleo por alimentos iraquiano, que alimenta mais de 60% da população. Mas a retirada, na terça-feira, dos funcionários da ONU no Iraque significa que o programa, pelo menos agora, não mais existe. O enviado iraquiano, Mohammed Al-Douri, considerou a decisão da retirada do pessoal da ONU "verdadeiramente espantosa... Essa decisão abrirá o caminho para os Estados Unidos e Grã-Bretanha lançarem a guerra mais rápido do que o esperado". Hans Blix, o chefe dos inspetores de armas da ONU, discursou numa lotada sala do conselho e apresentou, como era esperado, seu "trabalho programado" de tarefas de desarmamento. Não passou de um procedimento técnico, sem peso na decisão final. "Sinto naturalmente tristeza que três meses e meio de trabalhos realizados no Iraque não tenham trazido as garantias necessárias sobre a ausência de armas de destruição em massa (no país)", disse. O noticiário até 18/3/2003 Veja o especial :

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