05 de abril de 2012 | 03h06
A polícia e os serviços secretos da França prenderam ontem mais dez suspeitos de ligação com o islamismo radical. A operação foi realizada em cinco cidades - Marselha, Roubaix, Valence, Pau e Carpentras - e representa a segunda ofensiva diante das câmeras contra segmentos extremistas da comunidade muçulmana após os atentados de Toulouse e Montauban, em março.
Segundo o Ministério do Interior, eles passarão por interrogatórios por quatro dias - um período renovável. Após as prisões, o ministro do Interior Claude Guéant garantiu que o governo seguirá intervindo nas comunidades muçulmanas para identificar suspeitos, além de expulsar os que tiverem dupla nacionalidade. "A pressão contra o radicalismo islâmico não será aliviada."
A 18 dias do primeiro turno das eleições presidenciais, Guéant vem sendo acusado de usar a "ameaça terrorista islâmica" no país para favorecer a reeleição de Nicolas Sarkozy. As duas operações realizadas foram acompanhadas pelas maiores emissoras de TV do país.
A nova operação foi comandada pela Direção Central de Informação Interior (DCRI), o serviço secreto que atua no território francês, em bairros populares. As prisões buscam identificar muçulmanos radicais que tenham "o mesmo perfil" de Mohamed Merah, de 23 anos, morto em março após cometer três atentados contra soldados e uma escola judaica de Toulouse, matando sete pessoas.
Entre os presos, dois teriam relações com Merah. Apesar disso, o Ministério do Interior reafirmou que não há relação direta entre a organização dos atentados e os radicais investigados. De acordo com a polícia, os suspeitos não formariam uma rede extremista. Atuariam de forma isolada, após passarem pelo que o governo de Sarkozy chama de "autorradicalização".
Parte da "atividade suspeita" dos extremistas foi registrada na internet, em fóruns de discussões nos quais se discutiam projetos de viagens ao Afeganistão, ao Paquistão, e ao Sahel, região da África onde atuam grupos extremistas como a Al-Qaeda do Magreb Islâmico.
Desde sexta-feira, 26 ativistas, acusados de estimular o ódio religioso ou participar de treinamentos no Afeganistão e no Paquistão, foram detidos. Destes, 13 foram indiciados ontem por formação de quadrilha e preparação de ataques terroristas.
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.