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Após ações da Coreia do Norte, parlamentares japoneses querem seu país pronto para ataque

Japão tem evitado a ideia de adquirir bombardeiros ou armas e optado por contar com a ajuda dos aliados americanos para se defender de seus inimigos

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Por Redação
Atualização:

TÓQUIO - Abalados pelos avanços militares da Coreia do Norte, parlamentares japoneses influentes estão aumentando a pressão para que o país desenvolva a capacidade de atacar preventivamente as instalações de mísseis do vizinho detentor de armas nucleares.

O Japão vem evitando dar o passo polêmico e custoso de adquirir bombardeiros ou armas, como mísseis de cruzeiro com alcance suficiente para atingir outros países, preferindo contar com seu aliados americanos para se contrapor a seus inimigos.

Mísseis balísticos norte-coreanos são disparados em um lugar não determinado durante teste realizado no domingo, 5 Foto: KCNA via REUTERS

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Mas a ameaça crescente representada por Pyongyang, incluindo o lançamento simultâneo de quatro mísseis na segunda-feira 6, está fortalecendo o argumento de que mirar o arqueiro, ao invés de suas setas, é uma defesa mais eficiente.

"Se bombardeiros nos atacassem ou aviões de guerra nos bombardeassem, responderíamos ao fogo. Atacar um país atirando mísseis contra nós não é diferente", disse Itsunori Onodera, ex-ministro da Defesa que preside um comitê do governista Partido Liberal Democrata, o qual estuda como o Japão pode se defender da ameaça dos mísseis norte-coreanos. "A tecnologia avançou e a natureza do conflito mudou", acrescentou.

Tóquio vem ampliando há décadas os limites de sua constituição pacifista do pós-guerra. Governos sucessivos afirmam que o país tem o direito de atacar bases inimigas no exterior quando a intenção do inimigo de atacar o Japão é evidente, a ameaça é iminente e não há outras opções de defesa.

Embora governos anteriores tenham evitado adquirir o equipamento para fazê-lo, o partido do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, vem exortando-o a cogitar a medida.

"É hora de obtermos essa capacidade", disse Hiroshi Imazu, presidente do conselho de política de segurança da legenda. "Não sei se seriam mísseis balísticos, mísseis de cruzeiro ou até o (bombardeiro) F-35, mas sem um dissuasor a Coreia do Norte irá nos ver como fracos.”

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A ideia enfrentou uma resistência acirrada no passado, mas a rodada mais recente de testes norte-coreanos pode levar o Japão a agir com mais rapidez para aprovar uma política defensiva mais rígida.

"Já fizemos os trabalhos iniciais para saber como adquirir uma capacidade ofensiva", revelou uma fonte com conhecimento sobre o planejamento militar japonês, que pediu para não ser identificada em razão da sensibilidade do tema.

Qualquer arma que Tóquio adquirisse com alcance suficiente para atingir a Coreia do Norte também deixaria partes do litoral leste da China expostos a seus armamentos pela primeira vez, o que provavelmente revoltaria Pequim. / REUTERS

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