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Parlamento britânico dá vitória a Blair

Por Agencia Estado
Atualização:

Depois de mais de nove horas de debate, a Câmara dos Comuns do Parlamento britânico deu hoje uma vitória ao primeiro-ministro, Tony Blair, ao derrotar uma moção que rejeitava a participação britânica numa guerra contra o Iraque. Segundo a proposição, não havia razões para a guerra. Com a ajuda de parlamentares da oposição conservadora, Blair conseguiu fazer com que a moção fosse rejeitada por 396 votos a 217. Entre os parlamentares que votaram contra o governo, havia 135 membros do Partido Trabalhista, de Blair. Numa votação semelhante, no mês passado, 122 deputados trabalhistas se rebelaram contra o primeiro-ministro. Uma segunda moção, proposta pelo governo e também votada hoje autorizando o uso de todos os meios militares disponíveis no conflito, foi facilmente aprovada por 412 votos a favor e 149 contra. Blair não precisa da aprovação do Parlamento para a decisão de ir à guerra, mas uma derrota na primeira votação de hoje abriria uma crise que poderia até ameaçar sua permanência na chefia do governo. Antes da votação, Blair fez uma apaixonada defesa da ação contra o Iraque num discurso considerado pela rede de TV BBC como um dos mais importantes e emocionados de sua carreira. O primeiro-ministro esforçou-se para convencer os deputados indecisos que "há muitas razões para a guerra". Numa sugestão de que poderia se demitir antes de ordenar o retorno das tropas que estão no Golfo Pérsico, Blair advertiu: "Não serei eu quem dará tal ordem." "Quem se lamentará amargamente se retiramos nossas tropas agora?", indagou o primeiro-ministro. "Este não é o momento de vacilar. É o momento para que esta Câmara dê um exemplo e demonstre sua vontade de defender o que achamos que é correto", afirmou com veemência. Em apoio ao discurso da véspera do presidente americano, George W. Bush, Blair afirmou que se Saddam Hussein não for desarmado agora, ele se fortalecerá "além do imaginável". Com a esmagadora maioria da opinião pública britânica contrária à participação do país num ataque ao Iraque sem o respaldo das Nações Unidas, Blair teve de lidar com baixas significativas em seu gabinete nos últimos dias. Entre as sete demissões, está a de um ex-membro importante de seu governo, Robin Cook, encarregado das relações institucionais. Cook pediu demissão na segunda-feira por não poder apoiar uma guerra "sem acordo internacional nem respaldo nacional". Mas uma das mais esperadas demissões do gabinete acabou não ocorrendo. A secretária de Cooperação Internacional, Clare Short - que há mais de uma semana disse que renunciaria se o país fosse à guerra - decidiu permanecer no governo. Ela justificou a decisão afirmando que seu trabalho será útil na futura reconstrução do Iraque.

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