Parlamento de Hong Kong debate polêmica reforma eleitoral proposta por Pequim

Medida, que causou a 'revolta dos guarda-chuvas' em 2014, deve ser rejeitada pelo legisladores; manifestantes pró e contra reforma se concentram nos arredores do Parlamento

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Por Redação
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HONG KONG - O parlamento de Hong Kong iniciou nesta quarta-feira, 17, o debate sobre a discutida reforma eleitoral proposta pelo governo de Pequim, origem dos grandes protestos de 2014, conhecidos como Revolta dos Guarda-chuvas, e que definirá o futuro democrático da região para os próximos anos.

Sob um desdobramento policial sem precedentes, os 70 membros do Conselho Legislativo de Hong Kong desfilaram entre uma multidão de partidários e opositores da proposta em direção ao interior do edifício para debater a polêmica proposta, que conta com poucas possibilidades de seguir adiante.

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Pela primeira vez em 18 anos, após a cessão da soberania de Hong Kong à China, 200 policiais foram ao interior do Conselho Legislativo como parte do operacional de sete mil agentes desdobrados na cidade para estes dias, informaram as autoridades.

Várias estradas de acesso ao Parlamento, no distrito de Admiralty, sede dos maciços protestos democráticos do final do ano passado, foram fechadas nesta quarta. Estas medidas ocorrem depois que na segunda-feira a polícia deteve várias pessoas e apreendeu explosivos que alguns meios locais disseram que seriam detonados diante da sede parlamentar, mas também para evitar tensões entre os partidários de distintas opções.

A "número dois" do governo regional, Carrie Lam, começou o debate pedindo aos parlamentares que votassem a favor, com o argumento de que a reforma proposta representa um avanço com relação à situação atual. 

"A maioria das pessoas de Hong Kong gostaria de desfrutar de seu direito ao voto em 2017, o que representa que haverá um desenvolvimento da reforma política e que não estaremos em um ponto morto", alegou, apontando que caso a proposta seja rejeitada, não haverá mudança política alguma.

Emily Lau, presidente do Partido Democrata e a primeira mulher a ocupar uma cadeira na cidade, rejeitou a proposta de Pequim e deslegitimou o atual Executivo.

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Porta-bandeiras da organização Aliança pela Paz e pela Democracia, partido político próximo ao governo de Pequim, centenas de partidários do governo chinês permaneceram nas imediações do complexo do Conselho Legislativo levando cartazes, bandeiras chinesas e cantando o hino da China para dar apoio à reforma que deve ser rejeitada.

A poucos metros, e separados por cercas e sob a vigilância de dezenas de policiais, coletivos contra da reforma seguiam através de telões o debate parlamentar. 

"Queremos uma democracia natural, sã e verdadeira, não queremos que Pequim nos instaure sua visão de democracia", disse Anne Chu, que foi às imediações do parlamento para acompanhar o debate.

Os legisladores devem se pronunciar sobre a proposta do governo de Pequim de instaurar pela primeira vez em Hong Kong o sufrágio universal, mas só entre dois ou três candidatos escolhidos previamente por um comitê cujos membros são majoritariamente afins à China. Salvo uma mudança de última hora, os 27 legisladores democratas devem rejeitar essa proposta.

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A reforma eleitoral necessita do apoio de dois terços da câmara para seguir seu processo, o que significa que pelo menos quatro membros dos agrupamentos liberais precisariam apoiar a polêmica proposta. 

O resultado da votação, que pode ser revelado na sexta-feira, deixa abertas muitas incógnitas sobre o futuro do caminho democrático para Hong Kong. "Será o fim do debate sobre a democracia para Hong Kong", disse Robert Chow, líder da organização Aliança pela Paz e pela Democracia na porta do parlamento, esperando o fracasso dos protestos.

Enquanto isso, um porta-voz do Ministério chinês das Relações Exteriores, Lu Kang, disse nesta quarta em Pequim que a reforma aprovada pela Assembleia Nacional Popular poderia ser melhorada de acordo com o desenvolvimento das realidades do cidade de Hong Kong. Por isso, Lu pediu de novo o voto para realizar a reforma e que os cidadãos de Hong Kong "possam aproveitar esta oportunidade e dar assim um histórico passo adiante". / EFE

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