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Parlamento do Timor aprova medidas propostas por Gusmão

Resultado é uma vitória do presidente Xanana Gusmão e garante ascendência sobre o premier Mari Alkatiri, acusado de provocar a atual situação de violência no país

Por Agencia Estado
Atualização:

O Parlamento do Timor Leste aprovou por maioria absoluta, nesta segunda-feira, as medidas de emergência anunciadas pelo presidente Xanana Gusmão para superar a grave crise política que vive esta ex-colônia portuguesa do sudoeste asiático, que desalojou pelo menos cem mil pessoas de suas casas. Os 50 parlamentares presentes se pronunciaram a favor do estado de emergência decretado em maio por Gusmão, que dá a ele pleno controle sobre as forças de segurança do Estado e permite que declare estado de sítio, caso seja necessário. A medida entrou em vigor em 31 de maio e pode ser prorrogada de acordo com a evolução do conflito. O número de legisladores foi suficiente para iniciar a sessão plenária, apesar da ausência de 38 parlamentares que não puderam ir a Díli, capital do país, devido a problemas de comunicação e razões de segurança. Mensagem da ONU A sessão foi aberta pelo presidente do Parlamento, Francisco Gutiérres, que leu uma mensagem do secretário-geral da ONU, Kofi Anan, em que pede ao povo do Timor Leste que se oponha àqueles que tentam dividir o país, explorando as diferenças regionais com o objetivo de destruir a paz e a democracia. O Parlamento timorense é dominado pelo Fretilin, o histórico partido da luta pela independência, com 55 cadeiras, enquanto o restante do Legislativo se divide entre vários partidos de oposição. O resultado da votação é uma vitória de Gusmão, que garante ascendência sobre o primeiro-ministro, Mari Alkatiri, presidente do Fretilin acusado de provocar a atual situação. Conflito O conflito começou quando 591 dos 1.400 homens do Exército foram demitidos, por reivindicar o fim da discriminação étnica exercida pelos comandantes do Exército sobre os soldados do oeste do país. Os militares promoveram uma manifestação em 28 de abril que foi reprimida pelo Exército. Isso desencadeou uma onda de violência de raízes sociais e étnicas que matou até agora 30 pessoas e levou milhares de timorenses a procurar abrigo em campos de refugiados em Díli. Nestes locais, com precárias condições de higiene, centenas de famílias que perderam tudo, ou têm medo de voltar para casa, vivem aglomeradas. Timor Leste possui cerca de 1 milhão de habitantes e foi ocupado pela Indonésia entre 1975 e 1999, quando a população decidiu, por plebiscito, pela independência. A ONU permanece no país desde aquela época. São dezenas de etnias, com idiomas e dialetos diferentes, sendo que apenas 5% da população fala português.

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