Parlamento grego aprova convocação de referendo sobre resgate

Após debate de mais de 14 horas, com momentos de tensão, a solicitação teve 178 votos a favor, 129 contra e nenhuma abstenção

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ATENAS - O Parlamento da Grécia votou neste sábado, 27, por uma clara maioria a convocação de um referendo sobre as medidas propostas pelos credores internacionais em troca do desembolso do resgate do país, em um dia no qual em Bruxelas os parceiros do país rejeitaram conceder uma nova prorrogação.

Após um debate de mais de 14 horas, que viveu momentos de extrema tensão, a solicitação foi aprovada por 178 votos a favor, 129 contra e nenhuma abstenção.

Ministros gregos aprovam o primeiro-ministro,Alexis Tsipras, após discurso de emergência para propor o referendo Foto: Petros Karadjias/AP

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O primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, pediu aos cidadãos para se pronunciar com um claro "não" no referendo do próximo domingo, mas ao mesmo tempo prometeu continuar disposto a chegar a um acordo.

"Nossa intenção de obter um compromisso de honra estará sempre sobre a mesa", disse Tsipras, afirmando que um rotundo "não" às propostas das pessoas que fazem empréstimos fortaleceria posteriormente a posição negociadora do governo.

A decisão sobre o referendo "não constitui uma ruptura com a Europa, mas sim com as táticas que ofendem a Europa", esclareceu.

Tsipras teve palavras especialmente duras para o Fundo Monetário Internacional (FMI), como o responsável pelas exigências mais inaceitáveis para a Grécia, como "transferir a carga" da economia para os aposentados.

O premiê também criticou a insistência do FMI em querer aumentar o Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) sobre os hotéis para 23%, contra 6,5% atual (o governo tinha proposto 13% como fórmula de compromisso), o que teria dado um duro golpe no setor mais competitivo da economia grega.

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O líder da oposição, o conservador Antonis Samaras, assegurou que no referendo não se propõe dar um "sim" ou "não" à austeridade como diz indiretamente o governo mas "sim' ou "não" ao euro.

"A proposta de referendo arrasta o país para fora da Europa", ressaltou o líder da Nova Democracia e ex-primeiro-ministro Samaras, que descreveu a consulta como uma "paródia" de um governo que esconde seu fracasso por trás deste plebiscito e que conduziu o país à "quebra" e ao "suicídio".

O líder dos social-democratas do Pasok (partido que comandou com os conservadores o último governo), Fofi Genimata, acusou o governo de estar levando a Grécia para a ruptura com a Europa e deu prazo ao Executivo para renunciar.

A votação no Parlamento aconteceu enquanto em Bruxelas os ministros de Finanças da zona do euro decidiam não conceder à Grécia a prorrogação do resgate por algumas semanas, solicitada por Tsipras para permitir aos cidadãos votar "sem pressões".

Apesar dar como finalizadas por parte da Grécia as negociações e excluir o ministro de Finanças grego, Yanis Varoufakis, de uma segunda reunião "informal", a mensagem principal foi que em todo caso a Grécia continua sendo um membro da zona do euro.

Tsipras qualificou a exclusão de um membro do Eurogrupo de uma reunião como "um dia negro" na história da zona do euro.

Os próximos dias demonstrarão se a Grécia acaba em falta de pagamento, como tudo indica nestes momentos, ou se surgem possibilidades de acordo de última hora.

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Varoufakis afirmou que se nos próximos dias se acertar um compromisso, o governo solicitaria no referendo o 'sim' para esse acordo. /EFE

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