BAGDÁ - O parlamento iraquiano aprovou nesta terça-feira, 11, por unanimidade as reformas políticas para lutar contra a corrupção, o sectarismo e os privilégios políticos propostas pelo primeiro-ministro, Haider Abadi. A medida, entre outras coisas, eliminar três cargos simbólicos de vice-presidências e elimina cargos de alto escalão.
Em uma sessão transmitida pela televisão oficial, os 297 deputados presentes - do total de 328 - votaram a favor das reformas. As mudanças também aumentam os poderes do primeiro-ministro, permitindo que ele tire os governadores provinciais e os chefes dos conselhos provinciais e locais dos seus cargos.
Depois da aprovação da reforma, Abadi publicou uma mensagem em sua página no Facebook parabenizando os iraquianos e prometendo "continuar no caminho das reformas, com fé em Deus e o apoio do povo", mesmo que isso custe sua própria vida.
O Conselho de Ministros já aprovou há dois dias essas medidas em reunião extraordinária realizada após as recentes manifestações e as críticas ao Executivo, incluídas as da máxima autoridade religiosa, aiatolá Ali Sistani.
O presidente do parlamento, Salim Jabouri, pediu nesta terça-feira que o Conselho Supremo de Justiça elabore um documento que garanta sua independência.
Jabouri também anunciou que os deputados estão obrigados a apresentar provas sobre qualquer denúncia de corrupção e que vai ser formada uma comissão para investigar estes casos.
O político prometeu ainda que essa "será a primeira, mas não a última (medida) a continuar no caminho das reformas, com o mesmo espírito e sem nenhum hesitação".
O pacote de medidas inclui a eliminação dos cargos de vice-presidente e vice-primeiro-ministro, ocupados pelo ex-primeiro-ministro Nouri al-Maliki e por Saleh Mutlak, respectivamente, assim como o corte de privilégios especiais dos máximos responsáveis.
Abadi apresentou estas propostas no domingo, dois dias depois que milhares de pessoas se manifestaram em Bagdá e em várias cidades do sul contra a corrupção, a deterioração dos serviços, especialmente a eletricidade e a água, e a situação de insegurança.
Máxima autoridade religiosa xiita, Sistani, solicitou ao presidente do executivo que fosse mais "valente" na luta contra a corrupção.
A ocupação de Mossul, em julho do ano passado por parte do grupo jihadista Estado Islâmico (EI), suscitou uma profunda crise de governo do então primeiro-ministro Nouri al-Maliki, que foi acusado de sectarismo e de não ser capaz de evitar a invasão.
Desde então, as autoridades não puderam conter o grupo radical, que proclamou um califado nos territórios que controla na Síria e no Iraque. / EFE e AP