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Parlamento turco aprova modernização de bases pelos EUA

Por Agencia Estado
Atualização:

O Parlamento turco autorizou os Estados Unidos a modernizarem suas bases militares e portos para uma possível guerra contra o Iraque, um primeiro passo no sentido de permitir a presença de tropas de combate americanas no país. O Parlamento deu a autorização, por 308 votos a favor e 193 contra, depois que líderes turcos, sob intensa pressão dos EUA, disseram que a Turquia não tinha escolha a não ser apoiar Washington numa guerra contra o Iraque. "Frente à crescente possibilidade de uma guerra nas proximidades, estamos apenas tomando medidas para proteger nossos interesses nacionais", explicou Recep Tayyip Erdogan, líder do Partido da Justiça e do Desenvolvimento, no governo, depois da votação. O primeiro-ministro Abdullah Gul afirmou na noite de quarta-feira a jornalistas que uma segunda votação sobre permitir a presença de tropas de combate dos EUA na Turquia iria ocorrer em 18 de fevereiro, depois de um recesso de nove dias pelo feriado muçulmano de Eid al-Adha. Um dirigente do partido confirmou a data e disse acreditar que a autorização será concedida. Erdogan salientou que qualquer ação dos EUA tem de ser aprovada pelas Nações Unidas. O presidente americano, George W. Bush, tem dito repetidamente que os EUA vão forçar o Iraque a se desarmar, com ou sem o apoio da ONU. "Todos os passos que os Estados Unidos derem têm de ser no âmbito da ONU", disse Erdogan. Gul acredita que ainda é possível uma solução pacífica e adiantou que o governo vai esperar mais de uma semana antes de pedir aos parlamentares para permitir a entrada das tropas dos EUA. "A permissão que queremos conseguir do Parlamento hoje é para preparar alguns de nossos portos no caso de sermos compelidos e ocorra uma guerra contra nossa vontade", afirmou Gul antes da votação. "Temos que nos preparar para o pior cenário", acrescentou. Um legislador do partido de Gul disse ser "muito, muito provável" que o Parlamento vote ainda neste mês, autorizando que as tropas dos EUA fiquem baseadas no país. Diplomatas têm dito que, se os EUA não tiverem permissão para usar bases turcas, seus planos de guerra ficarão conturbados. Com uma presença na Turquia, os EUA poderão abrir um front setentrional contra o Iraque, que se somaria a um assalto pelo sul, a partir do Golfo Pérsico. Gul afirmou hoje que seu governo está protelando autorizar a presença das tropas dos EUA no país porque "nós ainda acreditamos que exista uma possibilidade de paz, e ainda estamos trabalhando pela paz". Mas a Turquia tem de levar em conta seus interesses estratégicos, considerou Gul. "Temos de agir em conjunto com nosso parceiro estratégico e aliado, os Estados Unidos, em favor de nossos interesses nacionais", disse ele ao jornal Milliyet. Gul sublinhou que a Turquia não pode se dar ao luxo de permanecer neutra no conflito e ser marginalizada quando for moldado um Iraque pós-Saddam. Os EUA planejam gastar centenas de milhões de dólares para modernizar as bases turcas. A renovação deve começar imediatamente. A Turquia teme que uma guerra no Iraque afete sua frágil recuperação econômica e acertou com os EUA um pacote que protegeria o país dos efeitos da guerra. O pacote poderá ser de entre US$ 4 bilhões e US$ 15 bilhões, dependendo da duração da guerra e de seu impacto econômico. Na próxima votação, o Parlamento deve autorizar a presença de soldados americanos e a entrada de soldados turcos no Iraque, no caso de uma guerra. A Turquia tem dito repetidamente que irá enviar forças para o Iraque, a fim de manter a estabilidade na região e evitar um fluxo de refugiados. Analistas acreditam que o principal objetivo seria evitar a criação de um Estado curdo no norte iraquiano, no caso de o governo central entrar em colapso. A Turquia, que lutou uma guerra de guerrilha de 15 anos com rebeldes curdos, teme que um Estado curdo no Iraque encoraje os curdos turcos.

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