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Parlamento turco "rechaçou" entrada de tropas dos EUA

Por Agencia Estado
Atualização:

Num sério revés para os planos de guerra dos Estados Unidos, o presidente do parlamento da Turquia declarou hoje que fora rechaçada uma moção do governo que permitiria a entrada de 62.000 tropas de combate americanas para abrir uma frente nortista contra o Iraque. O resultado da votação no Parlamento foi 264 a favor, 250 contra e 19 abstenções pela aprovação da moção, mas a decisão foi anulada pelo presidente da Casa, Bulent Arinc por razões constitucionais. A Constituição exige que a maioria dos presentes vote a favor. Se consideradas as abstenções, faltaram quatro votos para se atingir a maioria. Aric, depois de anunciar sua decisão, declarou recesso parlamentar até terça-feira. A rejeição da moção irá certamente fazer aumentar a tensão entre a Turquia e os Estados Unidos, que esperavam uma decisão positiva. A moção daria poder ao governo para autorizar a entrada de 62.000 soldados, 255 aviões de combate e 65 helicópteros. Estrategistas de Washington querem usar bases na Turquia para abrir um front nortista contra o Iraque, dividindo assim o Exército de Saddam Hussein caso haja uma guerra. Generais americanos e turcos consideram que a estratégia tornaria uma guerra mais curta e menos sangrenta. "O presidente (George W.) Bush não tem agora chance de promover seus planos de guerra", considerou Sedat Ergin, um comentarista do jornal Hurriyet. "Esses planos serão retirados". Washington tem oferecido à Turquia cerca de US$ 15 bilhões em ajuda e empréstimos em troca da permissão da entrada das tropas. Não ficou imediatamente claro se o governista Partido da Justiça e do Desenvolvimento tentará forçar uma nova votação. Existe uma forte resistência entre os parlamentares do Partido da Justiça à moção. Algumas pesquisas apontam que 94% dos turcos são contra uma guerra e deputados estão sob forte pressão de suas bases para rejeitar a presença das tropas. Após o anúncio da votação, milhares de turcos saíram às ruas de Ancara para comemorar, e gritavam slogans anti-EUA. Horas antes da votação, o líder do partido governista, Recep Tayyip Erdogan, reuniu-se com parlamentares a fim de tentar convencê-los a votar a favor da moção. Ao mesmo tempo, cerca de 50.000 turcos promoviam um protesto contra a guerra nas proximidades do Parlamento. Eles gritavam "Não à guerra" e "Não queremos ser soldados americanos".

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