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Parlamento ucraniano declara eleição inválida

Por Agencia Estado
Atualização:

Sob forte pressão da opinião pública ucraniana e internacional, o Parlamento ucraniano (Rada), reunido em sessão extraordinária, invalidou hoje o resultado das eleições presidenciais de domingo passado (que deu vitória ao candidato governista e pró-Rússia, Viktor Yanukovich) e aprovou um voto de censura à Comissão Eleitoral, responsável pela organização e apuração do pleito. Essa decisão, porém, não tem força de lei. Seria necessário que os parlamentares aprovassem uma reforma da legislação eleitoral para a convocação de um novo pleito, como propôs o presidente do Parlamento, Vladimir Litvin. De qualquer forma, a decisão dos deputados certamente vai exercer influência sobre os juízes do Supremo Tribunal da Ucrânia que devem julgar na segunda-feira recurso da oposição que pede a anulação do pleito. Pelo menos 20 mil pessoas faziam ruidosa manifestação diante da sede do Parlamento em favor do candidato da oposição, Viktor Yushchenko. A sessão parlamentar seguiu-se a um acordo na noite anterior entre Yushchenko e Yanukovich para iniciar um processo de negociação a fim de evitar uma guerra civil, com mediação da União Européia e Rússia. "A decisão política mais realista, tendo em vista as denúncias mútuas de irregularidades e fraudes maciças, é invalidar o pleito porque parece impossível determinar seu resultado", insistiu Litvin durante a sessão extraordinária. Dirigindo-se à multidão, Yushchenko voltou a exigir a realização de um novo segundo turno e, desta vez, propôs até uma data: 12 de dezembro. "Se Yanukovich quiser tumultuar ainda mais o quadro, partiremos para medidas ativas", advertiu o líder da oposição que, segundo a Comissão Eleitoral, perdeu as eleições por uma diferença de menos de 3 pontos porcentuais. Yushchenko ameaçou paralisar o país, com uma greve geral por tempo indeterminado e bloqueio de rodovias, aeroportos e vias férreas. As sedes do governo e do Parlamento já estão bloqueadas pelos simpatizantes da oposição. Fundamentado no testemunho de fiscais de seu próprio partido e na conclusão de observadores internacionais, Yushchenko acusou o governo de intimidar eleitores, violar vários dispositivos da legislação eleitoral e estimular a fraude durante todo o processo de votação. Segundo um observador holandês do Parlamento Europeu, teve eleitores na região leste do país pró-governo e pró-Rússia que votaram até 40 vezes. O presidente do Parlamento, Vladimir Litvin, classificou o resultado das eleições como "o pior possível". Ele atribuiu toda responsabilidade ao presidente Leonid Kuchma, há 10 anos no poder, que buscou favorecer seu afilhado político Yanukovich, que atualmente exerce o cargo de primeiro-ministro. O presidente do Parlamento criticou duramente o papel da Comissão Eleitoral que se deixou "manipular" pelo Executivo. "Este Parlamento também se sente responsável pelo fato de a Ucrânia ter sido humilhada por essas eleições", ressaltou. E insistiu na aprovação "sem demora" de uma reforma na lei eleitoral que permita a convocação de um novo segundo turno.

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