CARACAS - Grupos de partidários do chavismo e da oposição começaram a se reunir nesta terça-feira, 5, no centro de Caracas para acompanhar os deputados escolhidos nas eleições legislativas de 6 de dezembro a tomar posse de seus cargos na Assembleia Nacional (AN).
Dezenas de soldados da polícia e da Guarda Nacional Bolivariana (GNB) rodearam a sede do Legislativo e monitoram os grupos para que eles não se encontrem, já prevendo conflitos.
Os deputados escolhidos tomarão posse nesta terça, marcando o fim da hegemonia parlamentar chavista dos últimos 17 anos. A oposição obteve em 6 de dezembro uma maioria de 112 deputados frente às 55 cadeiras que serão do governo.
O juramento para os próximos cinco anos como deputados será um ato emoldurado por um clima de tensão que o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, pediu na noite de segunda-feira que fosse reduzido.
Maduro disse ter dado ordens aos corpos de segurança para que garantam a instalação pacífica do Legislativo. "Que esta terça-feira seja um dia de paz, que se instale o parlamento burguês e os revolucionários para trabalhar, retificar, lutar e construir", discursou o presidente em rede nacional.
Impugnações. O deputado eleito Henry Ramos Allup, que será o novo presidente da AN, disse confiar que a Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) garantirá a ordem em uma jornada em que garantiu que pretendem juramentar os 112 deputados opositores e não acatar a decisão do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), que aceitou impugnações devido a uma suposta fraude no estado do Amazonas, no sul do país.
O TSJ suspendeu a eleição nesse Estado, o que deixou a oposição com 109 deputados e o chavismo com 54. "A FANB não é órgão para subverter a ordem constitucional, nem para desconhecer a institucionalidade democrática, muito menos para dar golpes de Estado", afirmou na segunda-feira o ministro da Defesa, Vladimir Padrinho, em resposta a alguns pedidos para que tomasse posição.
No que foram vistas como as primeiras disputas entre chavistas e opositores dentro da Assembleia, Maduro já antecipou que vetará uma anistia anunciada pela oposição aos "presos políticos", entre eles o dirigente opositor Leopoldo López, condenado em primeira instância a quase 14 anos de prisão por incitar a violência durante os protestos de 2014.
As forças opositoras anunciaram também que seus dirigentes concordaram em julho dar, a partir desta terça, um prazo de seis meses para definir "a via constitucional" para uma saída antecipada de Maduro do poder. O presidente venezuelano foi eleito em abril de 2013 para um mandato de seis anos, que só termina em 2019. /EFE