PORTO PRÍNCIPE - Centenas de partidários do ex-presidente haitiano Jean-Bertrand Aristide protestaram na segunda-feira em Porto Príncipe, em comemoração ao novo aniversário de sua partida ao exílio, em 2004, e para denunciar a ingerência internacional em seu país.
No século XIX, o Haiti - primeira República negra da História - precisou, para ser reconhecida internacionalmente, pagar indenizações aos antigos colonos franceses para compensá-los pela perda da renda. O Haiti pagou, então, cerca de 17 bilhões de euros, uma quantia que atualmente muitos haitianos querem recuperar.
"Jean-Bertrand Aristide havia pedido à França para restituir o dinheiro pago pela sua independência. Foi por isso que fizeram um golpe de Estado contra Aristide. Hoje, queremos que a França nos devolva este dinheiro", afirmou um dos manifestantes, Charles-Bertrand Abdonel.
Os partidários do ex-sacerdote de comunidades carentes que se tornou presidente pediram ainda que se respeite seu voto nas últimas eleições.
Desde o primeiro turno das presidenciais, em 25 de outubro de 2015, o candidato governista, Jovenel Moïse, obteve 32,76% dos votos contra 25,29% para o opositor Jude Célestin, que qualificou estes resultados de "farsa ridícula". Após o anúncio do adiamento sem data marcada do segundo turno, a oposição denunciou um "golpe de Estado eleitoral".
"Em 2004, tiraram o líder carismático do povo. Hoje, a comunidade internacional pretendeu nos roubar outra vez, não respeitando nosso voto", denunciou outro manifestante, Jacques Ronel, que acusou a França e os EUA de "manobrar para esvaziar o país".
Os seguidores de Aristide reivindicam a instalação de uma comissão independente para verificar os resultados da eleição presidencial.
Para compensar o vazio institucional, o Parlamento haitiano nomeou em 14 de fevereiro Jocelerme Privert como presidente interino por um prazo de 120 dias. /AFP