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Partido chavista pede que Justiça suspenda registro eleitoral da oposição

Medida ocorre em meio a expectativas de que o CNE valide as assinaturas necessárias para dar início ao referendo revogatório do mandato de Maduro

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Por Redação
Atualização:

CARACAS - O representante chavista junto à Justiça Eleitoral venezuelana, Jorge Rodríguez, pediu nesta terça-feira, 26, ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE) a anulação do registro da coalizão opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD) por fraude na instalação do referendo revogatório do presidente Nicolás Maduro. O pedido ocorre em meio a expectativas de que o CNE valide as assinaturas necessárias para dar início ao processo, que, se realizado ainda este ano, pode culminar com a realização de novas eleições presidenciais no país. 

"Viemos solicitar o cancelamento da inscrição da MUD por estar envolvida na maior fraude eleitoral da história", disse Rodríguez, que também é prefeito do distrito caraquenho de Libertador, ao se reunir com a reitora do CNE, Tibisay Lucena. "O CNE está obrigado a atender esse pedido de forma expressa."

Milhares de venezuelanos, que sofrem com a escassez de produtos causada por uma severa crise econômica, cruzaram a fronteira da Venezuela em direção àColômbia para comprar alimentos e medicamentos aproveitando a abertura temporária da fronteira estabelecida pelo presidente chavista Nicolás Maduro. Na imagem, venezuelanos seguram cartaz em que se lê "Colômbia, obrigafo por sua solidariedade com a Venezuela" na ponte Simón Bolívar, em Cúcuta Foto: REUTERS/Carlos Eduardo Ramirez

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Em meio a uma grave crise econômica provocada pela dilapidação das reservas em moeda forte, controle cambial e expansão do déficit fiscal, Maduro viu sua base de apoio corroer nos últimos três anos- hoje pouco mais de 20% dos venezuelanos o apoiam. No ano passado, o chavismo sofreu uma ampla derrota nas eleições legislativas. 

A MUD elegeu maioria qualificada no Parlamento, mas o chavismo, via Poder Judiciário - no qual os juízes dificilmente tomam decisões contrárias ao governo - tem bloqueado todas as ações legislativas da oposição.

Em abril, a oposição decidiu impulsionar o processo de referendo revogatório de Maduro - previsto na Constituição e já realizado em 2004 durante o segundo mandato de Hugo Chávez. Mais de 1,8 milhão de assinaturas favoráveis à saída de Maduro foram recolhidas. O chavismo alegou fraude e o CNE - também com reitores apontados pelo governo - invalidou 600 mil delas. 

Uma recontagem das assinaturas indicou que havia mais que o númerp necessário de 200 mil para iniciar o processo. No começa da semana, a MUD declarou que o CNE já tinha esses dados e iria publicá-los. O chavismo, então, denunciou essa nova suposta fraude. 

"Como se ativa um artigo da Constituição com base em um processo manchado?", questionou Rodríguez.

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A MUD deve marchar amanhã rumo ao CNE em Caracas para pressionar pela convocação da nova fase do referendo, no qual são necessárias 4 milhões de assinaturas para convocar a votação. Uma pesquisa divulgada na quarta-feira mostrou que Maduro perderia o referendo com 64% dos votos. / EFE

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