Partido Comunista obriga chineses a tirar imagens cristãs de suas casas

De acordo com relatos locais, governo chinês teria dado ordens para que imagens religiosas fossem retiradas e substituídas por símbolos do partido no comando; igreja cristã foi fechada

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Por Redação
Atualização:

PEQUIM - Relatos de cristãos na China mostram que o governo do presidente Xi Jinping tem elevado a perseguição religiosa no país. Entre as medidas citadas estão a retirada de símbolos cristãos das casas de cristãos até o fechamento de igrejas e prisão de seus membros. 

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De acordo com o jornal britânico The Guardian, a tradicional igreja cristã Early Rain foi fechada na cidade de Chengdu, no sudoeste do país. Mais de 100 membros foram detidos. O líder religioso Wang Yi e sua mulher estão presos sob acusação de incitar a subversão - crime que pode ser punido com até 15 anos de prisão. Muitos dos que não foram detidos estão escondidos e sequer podem voltar para a cidade.

O edifício que a igreja ocupava deu lugar a uma associação comercial e a polícia afasta quem tenta buscar o local. Quando questionado sobre a situação por uma repórter do Guardian, um policial pediu para que ela se retirasse e informou que teria de vê-la entrar em um carro e ir embora. 

Minorias cristãs na China têm sofrido perseguição religiosa, de acordo com relatos locais Foto: REUTERS/Yara Nardii

O diário britânico Daily Mail cita casos em que autoridades destruíram símbolos religiosos no mês de julho. Esse tipo de situação teria ocorrido nas províncias de Anhui, Jiangsu, Hebei e Zhejiang. Funcionários entraram em casas para retirar cruzes e imagens de Jesus Cristo. Alguns moradores foram obrigados a colocar imagens de Xi Jinping e de Mao Tse Tung na parede. 

O site especializado em religião Bitter Winter afirmou que, na Província de Shanxi, imagens religiosas foram retiradas e substituídas por fotos de líderes comunistas. Na Província de Anhui, autoridades teriam entrado em uma igreja cristã e exigido que a cruz fosse tirada, segundo a Radio Free Asia. 

Uigures

Esses relatos ocorrem no momento em que a China já enfrenta críticas da comunidade internacional pela sua atuação contra as minorias étnicas muçulmanas no país. Em Xianjiang, a China construiu uma vasta rede de centros de detenção e exerce uma vigilância sistemática em uma operação do Estado destinada a converter os uigures, originalmente muçulmanos, em defensores seculares do Partido Comunista.

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Em Hotan, na China, no edifício no fundo funciona um centro de reeducação. Foto: Gilles Sabrie para The New York Times

Embora os diplomatas estrangeiros testemunhem os problemas em primeira mão e os condenem em particular, relutam ir a público, incapazes de obter amplo apoio ou não querendo pôr em risco os vínculos financeiros com a China. De sua parte, a China afirma que os seus centros de detenção criados pelo Estado, cercados por altos muros, são fundamentais para a sua luta contra o extremismo islâmico.

Graças ao seu poderio diplomático e econômico, a China tem conseguido abafar as críticas. Autoridades chinesas convenceram alguns países a apoiar publicamente Pequim nessa questão, principalmente países muçulmanos da África, Ásia e Oriente Médio. / Com informações do The New York Times

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