Partido de extrema direita é aceito na SciencesPo

Maior escola de política da França terá associação para representar interesses da Frente Nacional, da família Le Pen

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Por Andrei Netto , CORRESPONDENTE e PARIS
Atualização:

O partido de extrema direita Frente Nacional (FN) obteve nesta quinta-feira o direito de ser reconhecido, atuar na captação de jovens talentos e de receber subvenções na mais importante escola de ciências políticas da França e uma das mais influentes da Europa.

O reconhecimento foi concedido graças ao voto de mais de 120 estudantes do Instituto de Estudos Políticos (SciencesPo) de Paris, que concordaram em avalizar a criação de uma associação representando os interesses do partido da família Le Pen no interior da escola superior.

Marine Le Pen comemorou pelo Twitter entrada de seu partido na SciencesPo Foto: Benoit Tessier/Reuters

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Na prática, o reconhecimento permitirá à Frente Nacional recrutar futuros quadros políticos e novos militantes entre os jovens estudantes da instituição, conhecida como a escola dos presidentes e dos primeiros-ministros da França.

Dos últimos seis chefes de Estado do país eleitos desde 1969, cinco passaram pelas salas de aula do estabelecimento: o atual, François Hollande, além de Nicolas Sarkozy (2007-2012), Jacques Chirac (1995-2007), François Mitterrand (1981-1995) e Georges Pompidou (1969-1974).

Na votação, o partido de extrema direita recebeu menos votos do que seu concorrente de direita, Les Républicains, liderado pelo ex-presidente Nicolas Sarkozy, mas chegou à frente do Partido Socialista (PS), de Hollande.

A consulta foi realizada junto aos 13 mil estudantes do Instituto de Estudos Políticos para deliberar sobre quais associações, dentre as 119 que se candidataram em áreas como política, cultura, esporte e ação humanitária, poderão atuar no interior da escola. Cada estudante tem direito a votar em duas entidades. As que superam a cláusula de barreira de 120 votos são “reconhecidas”.

Ao jornal Le Monde, o estudante e candidato à presidente da associação de apoio à Frente Nacional, Aymeric Merlaud, não perdeu a oportunidade de vincular o nome de seu partido ao da escola.

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“Estamos muito satisfeitos, pois isso mostra que existe um apoio à FN dentro da SciencesPo. É uma boa notícia para a democracia dentro de nossa escola.”

O “aval” estudantil depende agora apenas de uma apreciação por parte de uma comissão da escola para entrar em vigor, devolvendo à Frente Nacional o status de partido aceito nos meios acadêmicos, como chegou a ocorrer nos anos 90. Sem surpresa, a notícia foi comemorada pela presidente do FN, Marine Le Pen, pré-candidata a presidente da França em 2017 e, por ora, líder nas pesquisas de opinião.

“O FN entra com sucesso arrasador na SciencesPo, como a segunda força política, à frente do PS! Bravo aos estudantes!”, comemorou Marine em sua conta no Twitter.

Segundo o número 2 do partido, Florian Philippot, diz que se trata de uma oportunidade única para recrutar futuros quadros ativos e motivados.

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