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Partido escolhe hoje futuro primeiro-ministro do Japão

Novo líder do PLD será nomeado chefe de governo pelo Parlamento na terça

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Por Angela Perez
Atualização:

O partido governista do Japão, o Liberal Democrático (PLD), elege hoje seu novo presidente, após a inesperada renúncia, no dia 12, do primeiro-ministro Shinzo Abe. O escolhido será nomeado na terça-feira chefe de governo pelo Parlamento, pois o PLD tem maioria na poderosa Câmara Baixa. O ex-chefe de gabinete Yasuo Fukuda, de 71 anos, é considerado o candidato favorito. Ele tem o apoio da maioria das facções do PLD e ampla vantagem, nas pesquisas de opinião, sobre seu único rival, o ex-chanceler Taro Aso, de 66 anos, atual secretário-geral do partido governista. Durante a breve campanha, os dois candidatos destacaram as questões econômicas. Ambos prometeram ajudar as pequenas empresas, que foram menos beneficiadas na recuperação econômica do Japão. As recentes reformas permitiram uma expansão da economia após anos de estagnação, mas os críticos dizem que os benefícios foram limitados às grandes corporações e não chegaram às pequenas empresas e às cidades do interior. A insatisfação com a lenta recuperação econômica entre os eleitores das áreas rurais é considerada um dos motivos para a derrota do PLD nas eleições de julho, quando o partido perdeu a maioria no Senado. Abe, de 52 anos, renunciou em meio a escândalos de corrupção - que fizeram com que ele perdesse cinco ministros, incluindo um que se suicidou - e a uma grande queda de popularidade. O primeiro-ministro citou como razões da demissão a derrota eleitoral de julho e a recusa do líder de oposição, Ichiro Ozawa, em reunir-se com ele para discutir a ampliação da missão naval do Japão no Oceano Índico. A oposição havia planejado bloquear a lei que dá sinal verde à missão. Desde novembro de 2001 - sob uma lei especial antiterror -, a Marinha fornece combustível aos navios das forças de coalizão lideradas pelos EUA no Afeganistão. No dia seguinte à renúncia, Abe foi hospitalizado por causa de problemas gastrointestinais, aparentemente causados pelo estresse. Os fãs de Fukuda o vêem como um conservador moderado que pode trazer estabilidade política ao país, enquanto Aso é considerado um "falcão" ligado a Abe e se apresenta como o líder arrojado de que o Japão necessita em meio a uma crise. "Fukuda não é tão carismático como (o ex-primeiro-ministro Junichiro) Koizumi. Aso é melhor orador e mais interessante, em alguns aspectos. Mas Fukuda é mais bem relacionado com o público, que em sua maioria está cansado do nacionalismo de Abe, de sua política externa orientada para a segurança, e está insatisfeito com os escândalos e a incompetência de seu governo", disse ao Estado Ellis Krauss, diretor do Programa de Estudos do Japão da Universidade da Califórnia. Krauss acredita que a eleição de Fukuda pode, pelo menos temporariamente, desviar a atenção dos erros cometidos durante o governo Abe e ajudar o PLD a recuperar-se da desastrosa derrota no Senado. "Se Fukuda for eleito, podemos esperar a continuidade da linha política doméstica e externa de Koizumi e Abe, mas com menos contorno ideológico. Fukuda deve promover boas relações com a China e as Coréias, continuar apoiando fortes relações entre o Japão e os EUA, além de tentar encorajar reformas econômicas", disse James E. Auer, especialista em Japão da Universidade Vanderbilt, no Tennessee. Krauss também acha que Fukuda deve adotar uma posição menos nacionalista que Aso e Abe. Ele concorda que Fukuda buscará uma aproximação diplomática com os vizinhos do Japão e lembra que o político se opôs abertamente às visitas de Koizumi ao santuário de Yasukuni, em Tóquio, onde estão enterrados criminosos de guerra. As visitas de Koizumi ao templo provocaram duras críticas da China e das Coréias e ampliaram a tensão com esses países. "Essas são as maiores diferenças políticas entre Fukuda e Aso, pois ambos concordam que o Japão não deve retirar o apoio às forças americanas no Afeganistão", disse Krauss.

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