PUBLICIDADE

Partidos americanos recorrem ao Iraque como arma eleitoral

Republicanos e democratas trocaram acusações sobre a falta de um plano efetivo para o Iraque, tema mais preocupante segundo o eleitorado

Por Agencia Estado
Atualização:

A quatro dias das eleições legislativas nos Estados Unidos, democratas e republicanos trocaram acusações nesta sexta-feira sobre a falta de um plano efetivo para o Iraque, tema que as pesquisas situam como o mais preocupante para o eleitorado. O argumento da oposição é que a estratégia do governo republicano de George W. Bush para triunfar no conflito iraquiano é um autêntico fracasso, enquanto os republicanos acusam seus oponentes de se limitarem a criticar, sem apresentarem uma alternativa viável. O próprio Bush afirmou nesta sexta-feira que os democratas não possuem uma solução para o problema. Segundo ele, "as críticas duras não são um plano para o triunfo". "Eles acham que a única maneira de ganhar estas eleições é nos criticando, sem demonstrar um plano específico próprio", insistiu Bush, em seu discurso em um ato eleitoral no Missouri, em apoio ao senador republicano e candidato à reeleição Jim Talent. A melhor estratégia, segundo o presidente, é seguir adiante e não abandonar o novo governo iraquiano até que este consiga tomar as rédeas da segurança no país. Para a oposição, esse discurso já não encontra apoio entre os americanos, desencantados pela falta de progressos no Iraque e pelas contínuas baixas nesse conflito, no qual mais de 2.800 soldados dos EUA já morreram. "O presidente Bush fracassou, a retórica de ´manter o rumo´ não só é má para os EUA como também foi uma carga nas urnas para os republicanos, que se limitaram a dar o sinal verde à fracassada agenda da Casa Branca", afirmou o presidente do Comitê Nacional Democrata, Howard Dean, em comunicado. Pesquisas As pesquisas lhe dão razão, já que indicam que a grande maioria dos cidadãos está descontente com a atual gestão da Guerra do Iraque. De acordo com a última pesquisa publicada pelo jornal The New York Times, apenas 29% dos americanos apóiam a forma como Bush conduz o conflito. Desses, 61% são partidários de uma mudança de estratégia, e cerca de 70% acham que o presidente não tem um plano para acabar com a guerra. Estes resultados, junto com outros que apontam que os republicanos estão em desvantagem na maioria dos distritos mais disputados nas eleições legislativas da próxima terça-feira, avivam as esperanças da oposição de poder recuperar o controle de uma ou mesmo das duas câmaras do Congresso, após doze anos como minoria em ambas. Para conseguir este objetivo, os democratas têm que conquistar quinze cadeiras dos republicanos na Câmara de Representantes e seis no Senado, o que os analistas políticos e as últimas pesquisas apontam como algo possível. Bush está convencido de que isso não acontecerá, e insiste em que as previsões das pesquisas são simplesmente isso: previsões que nem sempre se concretizam. Desemprego O presidente também aproveitou nesta sexta-feira os bons dados sobre a queda do desemprego em outubro para atacar a oposição. Segundo Bush, a baixa do desemprego no mês passado para 4,4% - o nível mais baixo dos últimos cinco anos e meio - demonstra que a política econômica e fiscal do governo está funcionando, contra as previsões dos democratas. "Se as previsões eleitorais deles são tão boas como as econômicas, 7 de novembro será um grande dia para nós", disse Bush. O presidente dos EUA, no entanto, não deve estar tão confiante. Pelos menos é o que indica suas últimas ações na reta final da campanha, quando Bush intensificou o apoio a seus partidários com uma viagem por 10 estados nos quais, até agora, a hegemonia de seu partido estava muito clara. Na quinta-feira, Bush fez campanha em Montana e Nevada, e na sexta contínua no Misouri e em Iowa. Bush também deve viajar para Colorado, Nebraska, Kansas, Arkansas, Flórida e, finalmente, Texas, estado em que votará na próxima terça-feira.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.