PUBLICIDADE

Patriota elogia resposta americana sobre grampos; EUA defendem diálogo

A meses de visita de Dilma a Washington, chanceler brasileiro pede aprofundamento de discussões

Por Denise Chrispim Marin , Aline Reskalla e correspondente em Washington
Atualização:

BELO HORIZONTE -Um dia após o governo brasileiro pedir explicações à Embaixada dos Estados Unidos em Brasília sobre a divulgação de um esquema de espionagem eletrônica e telefônica no Brasil, o ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, disse que o governo americano demonstra uma disposição para o diálogo que é "encorajadora". Em Washington, o Departamento de Estado disse esperar resolver a questão por meios diplomáticos.

PUBLICIDADE

O ministro, que classificou a situação como preocupante e grave, ressaltou a necessidade de obter esclarecimentos com o governo americano. "Acho que precisamos aprofundar as discussões", disse Patriota, que esteve em Belo Horizonte para uma palestra na Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

A denúncia de espionagem dos serviços de inteligência americana no Brasil foi publicada pelo jornal O Globo, que teve acesso a dados obtidos pelo ex-técnico da CIA Edward Snowden. Snowden está a procura de asilo político após ter seu passaporte cassado nos EUA por ter vazado um enorme esquema de espionagem comandado pela Agência Nacional de Segurança dos EUA.

Sobre a possibilidade de elaboração de um plano multilateral nas Nações Unidas para combater a espionagem, como cogitou em nota oficial publicada na última segunda-feira, Patriota disse que essa é uma possibilidade em estudo. "Nós estamos examinando como levar para o sistema da ONU um debate que garanta não só a privacidade, mas também o respeito e a cidadania dos estados quando se trata do uso da tecnologia da informação e da segurança cibernética", afirmou.

Patriota também descartou a possibilidade de uma mudança de postura em relação ao ex-técnico da CIA, ao falar sobre a possibilidade de recebê-lo no Brasil. "O governo brasileiro foi claro ao indicar que não responderia a essa correspondência e não há intenção de receber esse cidadão aqui no Brasil", acrescentou.

Reação americana. Em Washington, O Departamento de Estado recusou-se ontem a confirmar a espionagem do governo americano em chamadas telefônicas e registros na internet de pessoas e empresas no Brasil e das representações diplomáticas do País em Washington e nas Nações Unidas. Questionada duas vezes, a porta-voz da diplomacia americana, Jen Psaki, afirmou "não ter nada" a confirmar. Mas acentuou ter o Departamento de Estado mantido contato com autoridades brasileiras "sobre essas alegações".

"Vamos continuar nosso diálogo com o Brasil pelos canais diplomáticos normais", limitou-se Psaki, que não soube mencionar as autoridades em Washington encarregadas de manter contato com o governo brasileiro.

Publicidade

Os Estados Unidos, segundo reportagem de O Globo, teriam mantido uma equipe em Brasília de agentes da CIA e da Agência de Segurança Nacional (NSA) para coletar informações no País. Nesta manhã, a presidente Dilma Rousseff determinou que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) seja questionada sobre uma possível troca de informações entre empresas brasileiras do setor e o agências de inteligência do governo americano.

A denúncia coincide com a preparação da visita de Estado de Dilma Rousseff a Washington, em 23 de outubro. Psaki indicou ontem o desejo do governo de Barack Obama de preservar essa agenda de visita e sua substância, em termos de aproximação entre os dois países. "Planejamos continuar esse diálogo. Trabalhamos com o Brasil em um amplo leque de questões. E esperamos resolver isso (a questão da espionagem) por meio de conversas diplomáticas normais."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.