15 de outubro de 2012 | 18h09
RAMALLAH - Ao final de sua visita a Israel e à Autoridade Nacional Palestina, o chanceler Antonio Patriota disse trabalhar para que a Palestina seja admitida como Estado observador na ONU. O ministro das Relações Exteriores do Brasil voltou a declarar o empenho do Brasil para o reconhecimento da Palestina como Estado independente.
Em visita a Israel e à Cisjordânia, o chanceler disse nesta segunda-feira, 15, que irá buscar apoio aos palestinos junto a países da Euorpa e da América Central. No domingo (14) o ministro Patriota se encontrou, em Jerusalém, com os principais líderes de Israel e nesta segunda-feira foi a Ramallah, na Cisjordânia, onde teve reuniões com os principais líderes da Autoridade Nacional Palestina (ANP).
Em coletiva ao final da visita, Patriota afirmou que "prometi e já estou fazendo isto", em referência ao pedido do ministro das Relações Exteriores da ANP, Riyad Al Malki, para que o Brasil exerça sua influência "junto a outros países, além da América do Sul" no sentido de convencê-los a apoiar o pedido palestino, que será encaminhado à Assembleia-Geral da ONU no próximo mês de Novembro.
Segundo o chanceler brasileiro, a iniciativa palestina é "pacífica, diplomática e legítima, e poderá fortalecer o elo mais fraco em negociações futuras".
Divergência
Esse não foi o único ponto de divergência entre o chanceler brasileiro e os líderes israelenses com os quais se reuniu durante a visita. Em referência ao argumento das autoridades israelenses contra a iniciativa palestina na ONU, de que trata-se de uma "iniciativa unilateral", Patriota declarou que neste caso é um "unilateralismo pacifico". "O Brasil se opõe ao unilateralismo coercitivo, que envolve o uso da força e contradiz a Carta da ONU", disse.
O tema que dominou a pauta das reuniões do chanceler do Brasil com os líderes israelenses foi o das medidas a serem tomadas em relação ao projeto nuclear do Irã. Patriota rejeitou a posição de Israel de que "todas as opções devem ser mantidas sobre a mesa", inclusive a opção militar, e afirmou que "para o Brasil, só existem as opções legais".
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Avigdor Lieberman, comparou o Irã ao regime nazista e disse que espera que "os países do Ocidente não repitam hoje o mesmo erro que cometeram antes da Segunda Guerra Mundial, quando tentaram apaziguar os nazistas e causaram uma grande tragédia ao povo judeu".
A questão iraniana foi discutida nas reuniões de Patriota com o premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, com o ministro de Inteligência e Energia Atomica, Dan Meridor, com o presidente Shimon Peres, além de Lieberman. O chanceler reiterou a posição do Brasil de "manter portas abertas e canais de diálogo".
Negociação
O principal negociador palestino, Saeb Erekat, elogiou a capacidade do Brasil de dialogar com todas as partes. "Quantos países no mundo têm a capacidade de se encontrar em um dia com Netanyahu, Lieberman e Peres, e no dia seguinte com Mahmoud Abbas, Salam Fayyad e Riyad Al Malki?", perguntou Erekat em conversa com a BBC Brasil.
Para Erekat, o Brasil é "um país gigante, com tradição de paz e tolerância, que pode contribuir muito para reavivar o processo de paz entre israelenses e palestinos".
Ao final da coletiva, realizada no hotel American Colony, em Jerusalém Oriental, Patriota disse que encontrou um "grande interesse pelo Brasil" tanto dos israelenses como dos palestinos. Nesta terça-feira (16), o chanceler brasileiro parte para a Jordânia, onde deverá se encontrar com o rei Abdullah.
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