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Pelé denuncia racismo contra atletas negros

Por Agencia Estado
Atualização:

"O sonho de um mundo livre de conflitos raciais continua sendo uma aspiração dos povos do mundo", afirmou Pelé, em mensagem enviada ao secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Kofi Annan, cumprimentando-o pela realização da Conferência Mundial contra o Racismo na África do Sul. Pelé anexou à mensagem a cópia de uma carta que mandou em julho à Conferência contra o Racismo promovida pela Fifa em Buenos Aires, na qual ele denunciava a discriminação racial contra atletas negros. "O fato de haver atletas de cor com sucesso nos esportes não esconde as enormes dificuldades que eles enfrentam ou enfrentaram ao longo de suas carreiras", denuncia Pelé. E continua: "Na maioria dos casos, ser negro significa haver nascido e crescido em favelas ou em comunidades carentes, sem acesso aos benefícios que têm outros membros da sociedade. Eis aí a primeira violência: só por causa da cor, o negro vê-se em grande desvantagem. Mesmo quando se vencem as primeiras barreiras, surgem outras." Outro problema, afirma Pelé na carta, é que "normalmente não se acredita que uma pessoa negra, vinda da classe mais pobre da sociedade, possa ter os mesmos valores morais e éticos que as outras pessoas. O fato de eu ser um desportista famoso torna estes problemas um pouco menos comuns. Quando se é famoso, as coisas ficam mais fáceis. Essas situações causam menos constrangimentos, mas estou muito consciente de que não é isso que ocorre com a maioria dos negros". Na mensagem enviada a ONU, Pelé apresenta a Kofi Anan o jornalista e advogado Carlos Alberto Oliveira, o Cao, membro da Delegação do Brasil na conferência de Durban, como exemplo de militante na luta contra o racismo e a discriminação racial. Ex-deputado federal pelo PDT do Rio de Janeiro, Cao é o autor da Lei 7.716, que considera o racismo crime imprescritível e inafiançável. "É a primeira vez que vejo Pelé falar com tanta firmeza a respeito de uma questão especifica ligada aos interesses da comunidade negra", disse o professor paulista Eduardo de Oliveira, presidente do Congresso Nacional Afro-brasileiro, delegado na Conferência contra o Racismo.

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