Pelo menos 300 mil pessoas saem às ruas em Caracas

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Por Agencia Estado
Atualização:

Pelo menos 300 mil partidários do presidente venezuelano, Hugo Chávez, saíram hoje às ruas de Caracas para manifestar apoio ao governo - pressionado por um movimento de oposição que há 52 dias paralisa o país. A estimativa do número de manifestantes foi feita pelo comandante do Corpo de Bombeiros de Caracas, Rodolfo Briceño. O presidente da Câmara de Comércio Brasil-Venezuela, José Francisco Marcondes, que está em Caracas chefiando uma delegação de quatro empresários brasileiros, declarou à Agência Estado, por telefone, que a passeata reuniu pelo menos 1 milhão de pessoas. Segundo Marcondes, a TV estatal, única a transmitir imagens da manifestação, estimou o número de participantes entre 3 milhões e 4 milhões. Apesar da tensão que reinava na capital venezuelana antes da manifestação - ante a perspectiva de possíveis choques entre grupos chavistas e antichavistas -, a marcha percorria sem incidentes várias avenidas da cidade até se concentrar diante de um grande palanque, instalado na Avenida Bolívar. A concentração se estenderia até as 21 horas locais (23 horas de Brasília). Chávez convocou a manifestação tomando como pretexto a data do 45º aniversário da queda da ditadura de Marcos Pérez Jiménez. Em meio a um festival de boinas vermelhas - que identificam os partidários de Hugo Chávez -, os manifestantes carregavam faixas com slogans de apoio ao governo, cartazes com imagens do guerrilheiro cubano-argentino Ernesto Che Guevara e uma garrafa gigante com o rótulo "não tome Coca-Cola". A engarrafadora do refrigerante na Venezuela é controlada pelo grupo do milionário Gustavo Cisneros, apontado por Chávez como o financiador do movimento que tenta derrubá-lo do poder. Uma instalação da engarrafadora foi ocupada na semana passada por soldados da Guarda Nacional. "Somos a maioria real, que não é mostrada pelos meios do terror", gritavam os chavistas, em referência às quatro emissoras de TV privadas, todas francamente oposicionistas. Duas dessas TVs, a Globovisión e a Radio Caracas Televisión, estão sendo processadas pelo governo. O ministro da Infra-Estrutura, Diosdado Cabello, qualificou a marcha chavista como uma "forte demonstração" do povo venezuelano de seu apoio à "revolução bolivariana" - plataforma de governo de Chávez que abriu uma profunda divisão na sociedade venezuelana. Os partidários do governo exaltam o presidente como o paladino da maioria pobre de um país que é um dos cinco maiores exportadores de petróleo do mundo. Os opositores, por seu lado, acusam Chávez de tentar conduzir o país na direção de uma ditadura comunista nos molde do regime cubano. A manifestação chavista ocorre também um dia depois de o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) ter suspendido a realização de um referendo consultivo, pedido pela oposição, programado para o dia 2. A oposição anunciou que tentará todos os recursos para reverter a decisão, mas acrescentou que, se a suspensão for mantida, realizará no dia 2 uma ampla campanha de coleta de assinaturas para promover uma reforma constitucional. Em outra derrota para a oposição, o TSJ delimitou hoje os limites do instrumento constitucional de "desobediência civil" por meio do qual um grupo oficiais militares se declarou em rebeldia contra Chávez e se concentrou numa praça de Caracas. Segundo o tribunal, o artigo não autoriza ninguém a "desconhecer um regime democraticamente eleito".

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