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Pena adia sonho de chegar à presidência

Atualização:

ANÁLISE: Timothy Heritage / Reuters

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Se há uma figura representativa da geração rebelde dos jovens russos que foram às ruas para tentar derrubar o presidente Vladimir Putin, ela é seguramente Alexei Navalni, de 37 anos. Símbolo da campanha contra a corrupção, ele foi um dos primeiros líderes presos quando as manifestações contra Putin começaram, em dezembro de 2011.

Depois de 15 dias na cadeia por "obstruir a ação das forças de segurança" no comício em Moscou, Navalni tornou-se um herói para os manifestantes, que gritavam o seu nome mais alto do que todos os outros nas manifestações e ovacionavam seus discursos contundentes.

Na época em que os protestos enfraqueceram, no início de 2012, Putin voltou ao Kremlin como presidente e Navalni se firmou como líder não oficial da oposição. Alto, bem apessoado, irradiando confiança e bem falante, Navalni tem mais potencial do que qualquer outro expoente da oposição para pelo menos irritar Putin, se não desafiá-lo diretamente.

O veredicto de ontem foi visto como um sinal de que o próprio presidente o considera uma ameaça, embora pesquisas sugiram que o seu apelo não vai muito além das grandes cidades. Navalni não ocultava suas ambições presidenciais e planejava concorrer em setembro à prefeitura de Moscou, o primeiro passo que poderia alçá-lo a voos mais altos, ainda que as pesquisas indicassem chances limitadas.

A pena por desvio de dinheiro numa madeireira estatal em 2009, acusação que ele nega, acabou de vez com o seu projeto e com suas ambições de se candidatar às eleições presidenciais de 2018. Mas Navalni é um político extremamente jovem para o velho mundo soviético e a vez dele chegará, mesmo que Putin seja reeleito em 2018 para outro mandato de seis anos. Em 2024, Putin terá mais de 70 anos e Navalni, nem 50.

As pesquisas de opinião mostram que Putin continua sendo o político mais popular da Rússia. Mas quanto mais a Rússia adiar as reformas de estímulo à economia, maiores serão as chances de Navalni conseguir apoio entre os eleitores frustrados das grandes cidades.

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/ TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA

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