Penas de até 15 anos por ataques com seringas na China

A Polícia local assegurou que estes ataques são um "ato de terrorismo" e que estavam planificados

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Por EFE
Atualização:

Três suspeitos de atacar a pessoas com seringas foram condenados hoje a penas de até 15 anos de prisão em Xinjiang, a região autônoma ocidental China onde morreram mais de 200 pessoas desde julho pelo conflito étnico entre chineses e uigures.

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A sentença, ditada pelo Tribunal Popular de Urumqi e divulgada pela agência oficial de notícias "Xinhua", indica que os três, dois homens e uma mulher, foram condenados por ataques com seringas que "provocaram o medo entre o povo" em Urumqi, capital de Xinjiang, e pelo menos um deles por "agressão com uma substância perigosa".

Embora a nota não especifica a etnia dos condenados, os nomes indicam que são uigures, a etnia turca muçulmana que habita a região há séculos e que hoje é minoria frente aos chineses, devido à política colonizadora de Pequim.

Yilipan Yilihamu, de 19 anos, foi condenado a 15 anos de prisão "por picar com uma agulha a uma mulher nas nádegas" dia 28 de agosto.

Os outros dois acusados são Muhutaerjiang Turdi, um homem de 34 anos que foi condenado a 10 anos de prisão, e Aimannisha Guli, uma mulher de 22 anos sentenciada a 7 anos, segundo o tribunal ambos ameaçaram um taxista com uma seringa e lhe roubaram 710 iuanes no dia 29 de agosto (US$104).

Estes fatos dispararam uma nova onda de protestos desde 3 de setembro e rumores de ataques uigures maciços com seringas, já que as autoridades chegaram a falar de centenas, mas só algumas dezenas puderam ser confirmados pelos hospitais, aonde não se permite entrevistar aos supostos agredidos.

A Polícia local assegurou que estes ataques são um "ato de terrorismo" e que estavam planificados, embora segundo informaram os jornalistas deslocados a Urumqi por ocasião destes novos protestos, os detidos pelos ataques e hoje condenados são viciados em heroína.

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A própria autoridade policial reconheceu ontem que a maioria dos ataques com seringas denunciados em Urumqi, e posteriormente nas cidades de Hotan, Altay e Kashgar, eram falsos.

A tensão entre chineses e uigures é palpável em Xinjiang desde que os colonos começaram a superar em número aos locais e explodiu no dia 5 de julho quando um protesto uigur pelo linchamento de membros de sua etnia no sul do país terminou em tragédia, deixando 197 mortos e 1.600 feridos, a maioria da etnia chinesa han.

Mas os grupos uigures no exílio assinalam, no entanto que morreram também centenas de membros de sua etnia nas mãos do Exército e que diariamente se produzem novas mortes por linchamentos maciços por parte dos chineses, uma violência testemunhada pela imprensa transferida à região.

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